Por L.C. Dias
Quando buscamos uma explicação para tudo o que vem acontecendo no mundo neste período final de transição planetária - indo ao encontro das contradições e ilusões inerentes à nossa realidade tridimensional, onde nossas capacidades cognitivas estão submersas num dualismo avassalador - é sempre importante tentar superar a nossa visão maniqueísta, rumo a uma compreensão mais fidedigna e ampla da dinâmica cósmica e da sua correspondente pedagogia sideral.
Então, independentemente das supostas intenções ocultas, de natureza perversa, que possam estar relacionadas ao surgimento e proliferação desta praga, o certo é que a crise pandêmica que estamos vivenciando à nível global talvez possa estar servindo a um propósito maior, muito além do bem e do mal, pois está nos levando a confrontar as nossas próprias sombras pessoais e coletivas, como forma de provocar o despertar da humanidade para o momento crítico que se aproxima, onde o planeta irá galgar um novo patamar evolutivo.
Neste caso, não seria afirmar, ingenuamente, que de todo mal sempre virá o bem, como a justificar todas as atrocidades humanas, nem imaginar que estamos sendo castigados por algum Deus. Não, de forma alguma! Mas tentar compreender a dialética da evolução, e sua sabedoria harmonizadora, onde forças opostas, mas complementares, sempre atuam como catalisadoras de uma ordem maior, visando um propósito transcendente.
Neste sentido, vejamos o que nos revela esta bela reflexão feita pela psicóloga italiana Francesca Morelli:
"Acredito que o cosmos tem sua própria maneira de equilibrar as coisas e suas leis, quando elas estão perturbadas.
O momento em que estamos a viver, cheio de anomalias e paradoxos, faz-nos pensar...
Numa época em que as mudanças climáticas causadas pelos desastres ambientais atingiram níveis preocupantes, a China em primeiro lugar, e muitos países depois, são forçados a congelar; a economia entra em colapso, mas a poluição diminui consideravelmente. O ar melhora; você usa a máscara, mas respira...
Num momento histórico em que certas ideologias e políticas discriminatórias, com fortes referências a um passado mesquinho, estão sendo reativadas em todo o mundo, chega um vírus que nos faz experimentar que, em um instante, podemos nos tornar os discriminados, os segregados, os presos na fronteira, os portadores de doenças. Mesmo que a culpa não seja nossa. Mesmo que sejamos brancos, ocidentais e viajando em classe executiva.
Numa sociedade baseada na produtividade e no consumo, em que todos corremos 14 horas por dia atrás do desconhecido, sem sábados nem domingos, sem mais vermelhos no calendário, de um momento para o outro, vem a paragem. Parados, em casa, dias e dias. Para contar com um tempo cujo valor perdemos, se não for mensurável em compensação, em dinheiro.
Ainda sabemos o que fazer com ele?
Numa fase em que o crescimento dos filhos é, por necessidade, muitas vezes delegado a outras figuras e instituições, o vírus fecha as escolas e obriga-nos a encontrar soluções alternativas, para voltar a colocar mães e pais junto dos filhos. Obriga-nos a começar uma nova família.
Numa dimensão onde as relações, a comunicação, a sociabilidade são jogadas principalmente no "não-espaço" da rede social virtual, dando-nos a ilusão de proximidade, o vírus tira-nos a verdadeira proximidade: sem tocar, sem beijar, sem abraçar, à distância, no frio do não-contato.
Quanto foi que tomamos estes gestos e o seu significado como garantidos?
Numa fase social em que pensar no próprio jardim se tornou a regra, o vírus envia-nos uma mensagem clara: a única saída é a reciprocidade, o sentido de pertença, a comunidade, o sentimento de fazer parte de algo maior para cuidar e que pode cuidar de nós.
A responsabilidade partilhada, o sentimento de que o destino não é só de vocês, mas de todos à vossa volta e depende das vossas ações. E que tu dependes deles.
Então, se pararmos de fazer caça às bruxas, pensando de quem é a culpa ou por que tudo isso aconteceu, mas pensando no que podemos aprender com isso, acho que todos nós temos muito o que pensar e nos comprometer.
Porque com o cosmos e suas leis, obviamente, temos uma dívida de gratidão.
E o vírus está aí a explicar-nos tudo isso a um grande custo." (Vita, 10/3/2020)
Então, independentemente das supostas intenções ocultas, de natureza perversa, que possam estar relacionadas ao surgimento e proliferação desta praga, o certo é que a crise pandêmica que estamos vivenciando à nível global talvez possa estar servindo a um propósito maior, muito além do bem e do mal, pois está nos levando a confrontar as nossas próprias sombras pessoais e coletivas, como forma de provocar o despertar da humanidade para o momento crítico que se aproxima, onde o planeta irá galgar um novo patamar evolutivo.
Neste caso, não seria afirmar, ingenuamente, que de todo mal sempre virá o bem, como a justificar todas as atrocidades humanas, nem imaginar que estamos sendo castigados por algum Deus. Não, de forma alguma! Mas tentar compreender a dialética da evolução, e sua sabedoria harmonizadora, onde forças opostas, mas complementares, sempre atuam como catalisadoras de uma ordem maior, visando um propósito transcendente.
Neste sentido, vejamos o que nos revela esta bela reflexão feita pela psicóloga italiana Francesca Morelli:
"Acredito que o cosmos tem sua própria maneira de equilibrar as coisas e suas leis, quando elas estão perturbadas.
O momento em que estamos a viver, cheio de anomalias e paradoxos, faz-nos pensar...
Numa época em que as mudanças climáticas causadas pelos desastres ambientais atingiram níveis preocupantes, a China em primeiro lugar, e muitos países depois, são forçados a congelar; a economia entra em colapso, mas a poluição diminui consideravelmente. O ar melhora; você usa a máscara, mas respira...
Num momento histórico em que certas ideologias e políticas discriminatórias, com fortes referências a um passado mesquinho, estão sendo reativadas em todo o mundo, chega um vírus que nos faz experimentar que, em um instante, podemos nos tornar os discriminados, os segregados, os presos na fronteira, os portadores de doenças. Mesmo que a culpa não seja nossa. Mesmo que sejamos brancos, ocidentais e viajando em classe executiva.
Numa sociedade baseada na produtividade e no consumo, em que todos corremos 14 horas por dia atrás do desconhecido, sem sábados nem domingos, sem mais vermelhos no calendário, de um momento para o outro, vem a paragem. Parados, em casa, dias e dias. Para contar com um tempo cujo valor perdemos, se não for mensurável em compensação, em dinheiro.
Ainda sabemos o que fazer com ele?
Numa fase em que o crescimento dos filhos é, por necessidade, muitas vezes delegado a outras figuras e instituições, o vírus fecha as escolas e obriga-nos a encontrar soluções alternativas, para voltar a colocar mães e pais junto dos filhos. Obriga-nos a começar uma nova família.
Numa dimensão onde as relações, a comunicação, a sociabilidade são jogadas principalmente no "não-espaço" da rede social virtual, dando-nos a ilusão de proximidade, o vírus tira-nos a verdadeira proximidade: sem tocar, sem beijar, sem abraçar, à distância, no frio do não-contato.
Quanto foi que tomamos estes gestos e o seu significado como garantidos?
Numa fase social em que pensar no próprio jardim se tornou a regra, o vírus envia-nos uma mensagem clara: a única saída é a reciprocidade, o sentido de pertença, a comunidade, o sentimento de fazer parte de algo maior para cuidar e que pode cuidar de nós.
A responsabilidade partilhada, o sentimento de que o destino não é só de vocês, mas de todos à vossa volta e depende das vossas ações. E que tu dependes deles.
Então, se pararmos de fazer caça às bruxas, pensando de quem é a culpa ou por que tudo isso aconteceu, mas pensando no que podemos aprender com isso, acho que todos nós temos muito o que pensar e nos comprometer.
Porque com o cosmos e suas leis, obviamente, temos uma dívida de gratidão.
E o vírus está aí a explicar-nos tudo isso a um grande custo." (Vita, 10/3/2020)
L.C. Dias
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