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Além da Crença - Apresentação

Por L.C. Dias

"Não se satisfaçam com ouvir dizer, ou com a tradição, ou com o conhecimento das lendas, ou com o que nos dizem as escrituras, conjeturas ou inferências lógicas, ou em pesar as evidências, ou com a predileção por um ponto de vista depois de ter ponderado sobre ele, ou com a habilidade de alguma outra pessoa, ou em pensar 'O monge é nosso mestre'. Quando souberem por si próprios: 'Tais coisas são sadias, irrepreensíveis, recomendadas pelos sábios, e adotá-las e colocá-las em prática conduzem ao bem-estar e a felicidade', então vocês deveriam praticá-las e nelas repousar." 
O Buda - Kalama Sutta


Todos temos crenças, mesmo quando estamos certos que não as temos. Até os descrentes creem que em nada creem. Quando não as possuímos é porque elas nos possuem. Sejam conscientes ou inconscientes, as crenças moldam a nossa visão de mundo, determinam como nos apresentamos, nossa identidade, como também, a forma como interagimos com a vida nos seus diversos aspectos. Seria esta afirmação uma crença? Ir além das crenças não seria adotar outro conjunto de crenças?

As crenças deveriam ser tratadas como um meio e não um fim em si mesmas. São instrumentos conceituais para a nossa ação no mundo, pois teoria e prática são complementares. O próprio Buda afirmava que seus ensinamentos (dharma) eram como uma canoa usada por uma pessoa para atravessar um rio. Uma vez alcançada a outra margem, a pessoa poderia descartar a canoa e continuar sua própria jornada.

As crenças são uma necessidade humana, pois antes de saber precisamos crer. Precisamos crer que temos a capacidade de atingir o saber. Precisamos de um mapa para percorrer o território, para enfrentar o mistério e amenizar as incertezas da vida. Crentes necessariamente, enquanto cativos da ignorância sobre a verdadeira natureza do nosso eu mais profundo e da realidade que nos cerca.

Precisamos crer até que possamos alcançar uma certa autonomia que nos permita a experiência direta daquilo que recebemos como crenças dadas pela nossa família, tradição e cultura, para então questioná-las, e ser for o caso, atualizá-las com o fruto da vivência, da sabedoria adquirida pela experiência.

Assim nos alertava Marcel Proust: 
Não recebemos a sabedoria, nós mesmos temos que encontrá-la depois de uma jornada solitária, que ninguém pode fazer por nós, da qual ninguém pode nos poupar, pois a nossa sabedoria é o ponto de vista a partir do qual começamos a ver o mundo.
Entretanto, nascemos simples e ignorantes. A onisciência ainda é uma condição distante da nossa realidade humana terrena. Portanto, cientes das nossas limitações cognitivas, devemos estar prontos a admitir que de alguma forma sempre estaremos acompanhados de um conjunto de crenças. Pelo menos foi assim que nos fizeram acreditar...

Mas nesta caminhada humana rumo ao saber, não estamos subjugados de forma fatídica pelas nossas crenças herdadas. Fomos providos com a faculdade do discernimento e com o sentido profundo da fé. Uma fé que nos permite intuir que possuímos um potencial latente para conhecer diretamente, sem intermediários, a tão almejada verdade que liberta.

Citando Raimon Panikkar: 
Sem a fé não se pode viver. A fé é a capacidade de abertura a algo mais; uma capacidade que não nos vem dada nem pelos sentidos e nem pela inteligência. Esta abertura poderia chamar-se abertura à transcendência. Pela fé o homem é capaz de transcender-se, de crescer, de abrir-se a algo mais... a Deus.
Portanto, a fé não pode ser confundida com a sua formulação conceitual e intelectual que são as crenças. A crença é uma construção coletiva que vai se cristalizando até se materializar na vida social como uma instituição religiosa ou política, por exemplo; podendo se degenerar em ideologia. Já a fé nasce no coração humano, é um sentimento pessoal profundo, não é privilégio de alguns, mas uma dimensão antropológica essencial que se abre para o eterno. É a força motriz que impulsiona a nossa busca, mesmo quando ainda não temos certeza da meta que almejamos.

Quanto mais conscientes estivermos das crenças que carregamos, mais fácil será perceber, no seu devido tempo, como elas nos limitam, apesar do valor circunstancial que possuam. Portanto, devemos sempre nutrir a coragem e a motivação para atualizá-las em direção a uma cosmovisão mais abrangente, que nos permita uma ação mais responsável, autônoma e colaborativa no mundo. 

Como asseverou Jean Yves Leloup:
O homem nem sempre gosta de ser livre, ele gostaria de ser dispensado de pensar por si próprio; ele preferiria que lhe fosse dito de uma vez por todas o que é bom e o que é ruim. Só lhe restaria obedecer e conhecer a felicidade. A maior força de todos os inquisidores está em nossa abdicação. Nas seitas, assim como em outros locais, é a aliança mórbida entre o carrasco e a vítima que se trata de denunciar. Dostoievski, da mesma forma, lembra-nos do vínculo que podemos nutrir por aqueles que nos livram do fardo de nossa liberdade.  
Portanto, o critério de avaliação de nossas crenças deveria ser o quanto elas nos impulsionam para que sejamos pessoas mais livres, amorosas, inteligentes e felizes, que buscam a realização pessoal dentro de um contexto que viabilize prioritariamente o bem comum.

As crenças, sejam elas religiosas, filosóficas, científicas ou políticas, podem ser utilizadas tanto para a dominação como para a libertação, de forma hábil ou inábil, para o interesse coletivo ou para o ganho exclusivamente pessoal ou grupal.

Cabe salientar que os “fundamentalismos” não estão circunscritos somente à esfera religiosa. Vale lembrar as consequências nefastas legadas pelos regimes políticos totalitários que obscureceram a paisagem do mundo durante o século passado, com as suas ideologias avessas a qualquer manifestação religiosa. O exemplo mais evidente deste fato está na invasão do Tibete pela China comunista e o consequente extermínio do povo tibetano junto com a sua rica cultura milenar budista. Apesar dos inestimáveis benefícios trazidos pela diáspora tibetana ao renascimento espiritual do ocidental, não é possível admitir que o mundo tenha se calado frente tamanha atrocidade.

Os ensinamentos das grandes tradições religiosas foram os nossos guias por milênios e ainda são um grande manancial de sabedoria para a humanidade, indispensável para o enfrentamento dos desafios prementes da era pós-moderna. Mas precisam ser contextualizados para esta nova realidade em desdobramento. Os profundos ensinamentos enraizados na Filosofia Perene, o núcleo sapiencial das grandes tradições, não pode ser negligenciado, mas necessita de constante atualização na sua forma de apresentação para as manifestações culturais emergentes. Não é admitir a relatividade da Verdade, mas reconhecer a obrigatoriedade de veiculá-la em nova roupagem, pois o significado está atrelado ao contexto.

Segundo Panikkar: 
A verdade não é uma qualidade imutável e absoluta, totalmente objetivável em conceitos e proposições independentes do tempo, do espaço, da cultura e das pessoas. (...) a verdade não pode abstrair-se de sua relação com uma mente particular situada em um contexto determinado.
Talvez a crença mais enraizada nas profundezas da psique humana seja a ideia de separatividade. Acreditar que somos seres separados do todo que nos cerca. Esta visão distorcida da realidade é uma construção inata de um grande e perspicaz ilusionista, o ego pessoal. A ilusão egótica da separatividade é a fonte de todos os males que macularam a trajetória dos homines sapiens sobre a Terra. Quanto terror e crueldade não foram engendrados por egos imaturos que defendiam as suas crenças na certeza inabalável de sua infalibilidade, exclusividade e perenidade.

Outro sintoma desta ilusão, de matiz nitidamente epistemológica, é a crença que existe algo lá fora para ser conhecido, independentemente do sujeito que conhece. Este engodo cognitivo é conhecido como o “mito do dado”, a certeza que existe um objeto distinto a ser conhecido separado do observador que o conhece. A realidade é uma cena construída de forma relacional entre sujeito e objeto. Uma rede interdependente de fenômenos que se influenciam mutuamente. Os experimentos quânticos já atestaram o quanto o observador tem influência sobre os resultados observados.

Para Panikkar, conforme exposto por Jordi Pigem:
Depois que a cultura moderna teve a experiência de um ‘isolamento e solidão terríveis’, agora começa a descobrir (ou redescobrir) a interdependência de tudo que existe: ‘todas as forças do universo estão entrelaçadas’, até o ponto que ‘as almas individuais não existem: todos estamos interconectados, e só posso alcançar a salvação se de alguma forma incorporo o conjunto do universo’. Nossa tarefa é ‘completar o microcosmo’ que constituímos a nível individual e coletivo, ‘refletindo e transformando o macrocosmo’, participando plenamente na ‘realização do universo’.  
Entretanto, cabe salientar que o ego não é o grande vilão do drama cósmico, mas desempenha um papel fundamental e necessário no processo de despertar da consciência para o conhecimento da sua origem e destinação divinas. No processo evolutivo, a consciência individualizada principia a sua caminhada no estágio pré-pessoal, passando pelo pessoal, onde atualmente estagiam a quase totalidade dos egos da família humana, até atingir o nível transpessoal. Neste estágio, o ego não perde a sua identidade, mas a tem vertiginosamente ampliada, pois já não vive somente para si, mas se transforma em um servidor do todo. 

Portanto, caso tenhamos a pretensão de dar continuidade à grande aventura humana neste maravilhoso planeta azul, precisamos solucionar esta crise global sem precedentes, semeada de forma inconsequente pela ganância e soberba humanas, que está afetando drasticamente a vida das demais criaturas que compartilham do mesmo ecossistema planetário. 

Segundo Ken Wilber, a evolução é o Espírito em ação. Neste sentido, devemos acelerar a consecução do próximo passo evolutivo da nossa espécie, ou seja, a percepção coletiva da nossa unidade com o todo cósmico e assumir a responsabilidade como co-criadores da realidade em que vivemos. 

Citando novamente Pigem:
Sentindo-se em consonância com a maioria das tradições religiosas, Panikkar vê "a autorrealização (transformação, perfeccionismo e divinização) da pessoa humana como um elemento intrínseco da transformação do cosmos". O que nos faz falta não é outra coisa que "a completa cura que nas religiões do mundo se denomina diversamente como salvação, libertação, iluminação". E isso consiste sobre tudo na superação dos dualismos que impregnam nossa experiência habitual da realidade, tais como "a lacuna que existe entre o material e o espiritual, (...) entre o secular e o sagrado, o interior e o exterior, o temporal e o eterno". Por sua vez, Panikkar quer recuperar uma atitude de “confiança cósmica”, equiparável ao que outras tradições têm chamado de rta, tao, ordo, e na qual também associa a expressão harmonia invisível.
Ir além das nossas crenças equivocadas, principalmente, mas não exclusivamente, aquelas construídas nos últimos séculos pela cultura de matriz ocidental, em direção a um novo patamar consciencial global, é a única saída para a atual emergência espiritual planetária. Gaia vive sem nós, mas nós não sobreviveremos à devastação da vida de Gaia. Certamente, não existe questão mais crítica a ser privilegiada pela humanidade neste momento!

Nota: A maioria das imagens vinculadas às postagens do blog são obras do artista russo Vladimir Kush: "Eu descreveria meu trabalho com a citação de William Blake: 'Se as portas da percepção fossem limpas, tudo pareceria ao homem como é, infinito...". Meu tributo a sua genialidade!

L.C. Dias

Leitura complementar:

Excerto Biográfico - Baseado em crenças pessoais

Aos 20 anos, o primeiro despertar, o início da caminhada em busca da Verdade, uma verdade com “V” maiúsculo, absoluta, inquestionável, a resposta definitiva para todas as incertezas e males da existência, pelo menos era assim que eu via o mundo pela lente das minhas crenças juvenis. Considerava a mim mesmo um buscador implacável, devorando de forma quase obsessiva qualquer literatura de interesse que caísse em minhas mãos. Minha motivação na época pairava em torna da filosofia, religiões comparadas e espiritualismo de forma geral. Quanto mais ansiava, ingenuamente, por descortinar os atalhos que revelariam os segredos mais recônditos do universo, mais crescia a perplexidade frente à realidade da vida, mais atemorizado ficava em atestar a fragilidade da condição humana, mais consciente ficava da minha própria ignorância e do gigantesco abismo que me separava da tão cobiçada Verdade. Aos 40 anos, depois de duas décadas de uma busca intelectual apaixonante, atuando de forma discreta em alguns movimentos espiritualistas, ainda refletia sobre as grandes questões metafísicas, mas já percebia as limitações da razão humana para encontrar as respostas que tão ansiosamente procurava. Nessa época, uma nuvem de incertezas começou a pairar no horizonte de minha consciência. Nos anos seguintes, após o falecimento de meus pais, depois de ambos lutarem anos a fio com suas doenças crônicas degenerativas, fui convocado pela minha própria consciência a testemunhar a validade de minhas crenças pessoais, construídas com labor durante anos de estudos e reflexões. A confrontação foi franca e profunda e não saí ileso da experiência. Fui atingido em cheio por uma tempestade niilista, uma profunda crise existencial. Apesar de tudo andar muito bem na vida familiar e profissional, nada mais tinha sentido, nem o caminho, nem o caminhante, nem o caminhar. A Verdade que eu havia buscado por tanto tempo não existia, era uma ilusão, uma fuga, uma motivação fantasmagórica, uma abstração. Meu guia - a mente racional - era incapaz de encontrar as respostas que tanto ansiava, o mundo que eu acreditava existir estava ruindo, minhas crenças se transformaram rapidamente em incertezas, em ideologias manipulativas e conspiranóicas. Minhas dúvidas se agigantaram e a busca intelectual de toda uma vida chegou ao fim. Estava arrasado, num beco sem saída, no fundo do poço. Minha família era o único motivo para continuar buscando uma saída para o impasse existencial que me havia imposto, o último elo remanescente com o mundo. Mas ainda existia uma luz de esperança, algo dentro de mim clamava por ajuda. Minha fé na vida ainda estava viva, mas agonizante. Foi então que num nível de desespero que jamais imaginei vivenciar, decidi aceitar a ajuda de um grande mestre da alma humana, e com o apoio conjunto de familiares e amigos, comecei a despertar da minha noite escura da alma. Entendi que estava sendo dragado por um evento conhecido nos meios espiritualistas como emergência espiritual. Na verdade, uma súplica da alma, um chamado para a luz. Então, a busca exterior se voltou para dentro. Troquei a exploração de teorias e sistemas de crenças pela imersão nas paisagens interiores da alma. Vivências transpessoais me levaram a conhecer a atemporalidade da realidade anímica e a reconhecer as raízes ancestrais das minhas dificuldades na vida presente. Também percebi que estava a muito tempo vivendo sob o jugo de uma entidade medrosa, controladora, possessiva e cheia de defesas chamada ego, que mal conhecia até então. Deste novo despertar se abriu uma nova senda, o caminho do coração. Ao invés da leitura compulsiva, comecei a priorizar o silêncio e a meditação. Sempre ao encontro de formas de abertura à inspiração do Self, conhecido nas tradições de sabedoria como atma, natureza búdica, cristo interno ou espírito. Esta busca por alimento espiritual direto da Fonte tem sido o novo sentido que venho empreendendo em minha vida. É esta nova via, esta nova visão, ainda em desdobramento, que gostaria de compartilhar com os leitores do blog.

Tenho crenças, graças a Deus!
Mas não fico limitado a elas, busco ir Além!

Dedico este blog,
À minha esposa e filhas, 
a quem destino os sentimentos mais sinceros de amor e afeto
que brotam da alma;
Ao Dr. Pedro Soares, 
grande mestre e curador da alma humana, 
a quem endereço a mais alta admiração, gratidão e respeito;
Sem Eles,
teria sido impossível efetivar a minha reconciliação com a vida.

L.C. Dias - Novembro de 2017

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