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O despertar de uma nova consciência: A urgência da transformação

Por Eckhart Tolle

“O próximo passo na evolução humana não é inevitável, mas, pela primeira vez na história do planeta, pode ser uma escolha consciente. Quem está fazendo essa escolha? Você está. E quem é você? A consciência que se tornou consciente de si mesma.” 
*** 
“O que está surgindo agora não é um sistema inédito de crenças, não é uma religião diferente, não é uma ideologia espiritual nem uma mitologia. Estamos chegando ao fim não só das mitologias como também das ideologias e dos sistemas de crenças. A mudança é mais profunda do que o conteúdo da nossa mente e do que nossos pensamentos. Na verdade, na essência da nova consciência está a transcendência do pensamento, a recém-descoberta capacidade de nos elevarmos ao pensamento, de compreendermos uma dimensão dentro de nós que é infinitamente mais vasta do que ele.“ 
*** 
“Reconheça o ego pelo que ele é: um distúrbio coletivo, a insanidade da mente humana. Quando o identificamos pelo que ele é, deixamos de interpretá-lo erroneamente como a identidade de uma pessoa.” 
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“Se o conflito egóico tem de fato um propósito, este é indireto: ele cria cada vez mais sofrimento neste mundo, e o sofrimento, embora produzido em sua maior parte pelo ego, no fim também o destrói. Ele é o fogo no qual o ego se consome.” 
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“Nós não somos o ego. Portanto, quando nos tornamos conscientes do ego em nós, isso não significa que sabemos quem somos - isso quer dizer que sabemos quem não somos. Mas é por meio do conhecimento de quem não somos que o maior obstáculo ao verdadeiro conhecimento de nós mesmos é removido.” 
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“A verdade suprema de quem nós somos não é ‘eu sou isso ou eu sou aquilo’, mas ‘eu sou’.” 
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“Consciência significa presença, e apenas ela pode dissolver o passado inconsciente dentro de nós.” 
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“Existe apenas um praticante do mal no planeta: a inconsciência humana. Compreender isso é o caminho para o perdão. Quando perdoamos, nossa identidade de vítima se dissipa e nossa verdadeira força se manifesta - a força da presença. Portanto, em vez de culpar a escuridão, acenda a luz.” 
Eckhart Tolle 

Acredito que Eckhart Tolle seja um modelo paradigmático de instrutor espiritual para os nossos tempos emergenciais de transição planetária.

Para períodos de crise, precisamos de guias que viabilizem um caminho alternativa para a realização interior. Uma via que não exija a vinculação obrigatória a uma tradição religiosa estabelecida ou a uma escola de pensamento particular. Não é o caso de considerar esses caminhos tradicionais como inválidos, mas estar ciente que necessitamos de opções mais condizentes com a conjuntura atual. 

Precisamos de facilitadores que ofereçam um caminho mais acessível, seguro e pragmático para o despertar, distante de dogmas e manipulações ideológicas, das hierarquias sacerdotais corrompidas pelo poder temporal, de gurus carismáticos que subjugam a nossa vontade e induzem a mais dependência, dos atravessadores espirituais que proclamam uma falsa exclusividade para o contato com o “divino”, da demagogia salvacionista mercantilista, ou seja, precisamos ir além das crenças impostas por qualquer forma de autoridade externa. 

Essa busca por autonomia não implicaria em um desvio de rota provocado por um individualismo prepotente e fechado. Longe disso, pois com certeza precisamos nos apoiar mutuamente na busca de uma espiritualidade autêntica, mas não necessariamente de forma institucionalizada. 

Precisamos nutrir respeito e reconhecimento por aqueles que avançaram no caminho e, na maioria das vezes, seguir seus passos e orientações. Não de forma submissa, mas com discernimento e ponderação. Com isso, conseguiremos assumir, definitivamente, a responsabilidade pela nossa própria metanoia pessoal e coletiva e nos transformarmos em agentes catalisadores de uma revolução anárquica na forma como nos relacionamos com o sagrado. 

Neste sentido, Tolle nos dá a seguinte orientação axial: esteja sempre presente! Vigilantes para as artimanhas do ego. Conscientes da presença do nosso eu mais profundo e essencial, o único meio capaz de viabilizar a nossa ligação verdadeira com o divino que habita em nós, com a Fonte do Ser. A única autoridade na qual deveríamos nos submeter e buscar orientação. 

Da mesma forma que Tolle, mas fazendo uso de uma singela metáfora espacial, acredito que somente a nossa natureza “superior” pode resgatar, salvar, regenerar, iluminar ou despertar – adote o termo que sinta maior afinidade – a nossa natureza “inferior”. Para maior clareza: somente o Self pode iluminar o ego, somente a nossa essência divina pode “salvar” a nossa personalidade humana. 

Na verdade, Tolle não traz nada de novo para o campo da espiritualidade. Continuamos, por exemplo, com os mesmos princípios transformativos tradicionais do “orai e vigiai”, dos cristãos, ou do “seja a sua própria luz”, dos budistas. O que muda é a perspectiva do despertar. 

Tolle não indica rituais, posturas, mantras, respirações ou qualquer outro exercício dito espiritual. Apesar de não contestar o valor dessas tecnologias ancestrais, recomenda, somente, uma postura vigilante e imparcial, de plena atenção ao momento presente: o Poder do Agora! Aí está, provavelmente, a sua contribuição mais relevante, uma versão atualizada e contextualizada da sabedoria perene. 

Para o contexto atual, onde a mentalidade vigente no mundo está, em grande parte, secularizada, ou, na melhor das hipóteses, sob a influência indireta da secularização – considerando-se tal evento como um dos efeitos colaterais mais deletérios do processo de globalização neoliberal – ou, no outro extremo, desgastada por uma religiosidade  minada pelo sectarismo e fanatismo, além das propostas falaciosas e escapistas de uma  rasa espiritualidade pseudo-esotérica de matiz “new age", precisamos nos despir dos atributos mais formais da prática dita espiritual e buscar ir direto a questão do despertar, exatamente como faz Tolle. 

Inspirado na postura de Tolle, volto a afirmar: Não temos mais tempo! Já estamos vivenciando a transição, o parto de uma nova civilização já foi deflagrado. Já estamos sentindo as dores inerentes ao processo de nascimento de algo novo, a mutação já está em curso. Já estamos sendo acometidos por devastadoras crises existenciais, por depressões profundas, pelo pânico, pela falta de sentido, por uma neurose coletiva sem precedentes, levando, consequentemente, a uma sociedade onde grassa a violência, a exploração, a segregação, o vício, a incompreensão, a intolerância, a corrupção, o consumismo, a alienação, e tantos outros males sociais que afligem a nossa civilização globalizada. 

Se não estivermos preparados para o que ainda está por vir, e tudo indica que eventos críticos acontecerão, sendo natural que isto ocorra em virtude do processo de renovação planetária em andamento, sucumbiremos junto com as estruturas caducas e ultrapassadas da velha e desgastada mentalidade que agoniza, lutando desesperadamente para manter um status quo decadente, que se encontra em plena e acelerada decrepitude. 

É tempo de priorização máxima da nossa metanoia pessoal e planetária! 

Para muitos, este tipo de discurso pode parecer alarmista e paranoico. Entretanto, suponho que esteja mais bem enquadrado como “pronoico”, do neologismo “pronoia”, que ao contrário da paranoia, seria um distúrbio psicológico que levaria o indivíduo a acreditar que o universo sempre conspira ao nosso favor. 

Aliás, a minha suposta atitude “pronoica” poderia ser facilmente diagnosticada a partir do seguinte pronunciamento feito em uma postagem anterior do blog: 
... afirmo que não tenho uma visão pessimista da vida. Vejo que estamos passando por um período crítico de transição planetária, uma etapa necessária para o nosso despertar coletivo rumo a um novo patamar consciencial. Uma iniciação coletiva da humanidade da puberdade para maioridade cósmica, onde deve mimos assumir a responsabilidade por nossas ações coletivas e crescimento pessoal frente a uma realidade universal que a tudo abarca incondicionalmente de forma amorosa e sábia. (...) se realmente existe um poder oculto que manipula e escraviza a humanidade, este poder conspira a nosso favor, pois está acelerando o nosso despertar para a percepção de uma realidade maior, o nosso próximo salto evolutivo. Portanto, ratifico a minha fé na vida, a certeza intuída no coração que a Vida sempre conspira para a harmonia e plenitude de todos os seres, que existe uma Realidade Suprema que é a fonte inesgotável do Bem, do Verdadeiro e do Belo. 
Mas gostaria de deixar bem claro que não vejo o próximo passo evolutivo da humanidade terrena como o resultado de uma súbita iluminação coletiva, um tipo de satori por atacado. Muito menos como uma graça concedida por um suposto poder externo sobrenatural, seja angelical ou extraterrestre, como fantasiado por muitos. Com certeza, ainda não temos condições de atingir, coletivamente, por esforço próprio, tal estado de iluminação, compreendido o termo no seu sentido espiritual.

Porém, acredito na possibilidade de um despertar coletivo que permita ao ser humano sentir, mesmo que sutilmente, a sua profunda ligação com todas as formas de vida, assim como, uma percepção rudimentar, mas inquestionável, da nossa identidade suprema com a Fonte do Ser, da presença do divino em nós, chamada pela tradição de cristo interno, natureza búdica, atman, eu superior, self, ou simplesmente "Eu Sou". 

Tenho a esperança que uma significativa parcela da humanidade possa conquistar este novo nível de consciência e deflagrar o impulso espiritual necessário para uma mudança radical da psicosfera planetária. 

Pois, o despertar da nossa natureza superior levaria a um maior domínio e percepção de como somos dominados por motivações inconscientes, emoções descontroladas, programações subliminares, enfim, pela tirania de um ego imaturo e ignorante de sua limitada condição existencial.  

Neste sentido, como forma de evitar possíveis excessos de vertente “pronoica”, não seria prudente negligenciar o poder das forças adversas à evolução neste momento crítico da transição planetária, pois, estas forças atuam diretamente sobre as fragilidades e limitações do ego. 

Portanto, uma atitude esperançosa e otimista não deveria estimular a acomodação e o conformismo, muito pelo contrário, deveria ser encarada como um antídoto eficaz na luta contra o pessimismo e a insegurança que vicejam no cotidiano.   

Desta forma, temos melhores condições de colaborar ativamente com as forças evolutivas do universo, assumindo, de forma madura e definitiva, o nosso real papel neste jogo cósmico, nesta maravilhosa epopeia divina, vencendo as mais arraigadas concepções dualistas, muito além do bem e do mal, rumo à plenitude do Ser. 

Concluindo, não precisamos mais de videntes e das suas profecias, pois, os sinais dos tempos estão aí, claros e inequívocos. Porém, ainda precisamos reconhecer o caráter de urgência da seguinte assertiva: Não temos mais tempo! E, neste contexto, fica cada vez mais premente o seguinte alerta de Tolle, que deveria soar de forma intermitente em nossas mentes, quase como um koan: 
Você é capaz de sentir sua própria presença?
A seguir, uma breve apresentação de Eckhart Tolle, feita por Steve Taylor, e, logo após, um texto de autoria do próprio Tolle. 

L.C. Dias 

A singularidade de Eckhart 

Por Steve Taylor 

Em uma pesquisa recente realizada pela Livraria Watkins, Eckhart Tolle foi listado como a "pessoa espiritualmente mais influente no planeta". Você pode pensar que essa pessoa seria alguém que tenha uma atuação significativa na mídia e que aparece regularmente em público. No entanto, Eckhart raramente dá entrevistas à mídia e, nos últimos anos, não deu muitas palestras. Também não é um autor especialmente prolífico. Então, como ele se tornou tão influente? 

Aparentemente, os livros de Eckhart não são destinados para uma mente convencional, um corpo de instruções espirituais para mera distração. Eles nem sempre são reconfortantes e positivos - uma grande parte de “A New Earth”, por exemplo, está preocupada em explicar o que está errado nos seres humanos, analisando o lado sombrio da natureza humana e a atividade disfuncional do ego. Os livros de Eckhart não nos dizem que podemos obter tudo o que queremos apenas querendo do jeito certo, ou que há anjos ou entidades extraterrestres que cuidam de nós. Mas isso também faz parte de seu poder. Eles expressam uma forma de espiritualidade muito pura e direta, desprovida de conceitos desnecessários. Eles vão diretamente ao ponto, abaixo de todas as luzes brilhantes e cores que distraem. 

Seu estilo de escrita também ajuda. Talvez porque a sua língua materna fosse o alemão – com uma linguagem concisa e lógica - o que torna o seu uso do inglês simples e direto. Cada frase é medida e majestosa, reduzida à sua essência. 

Alguns professores espirituais - Krishnamurti, por exemplo - dizem que os livros podem ser um obstáculo no caminho espiritual. Como a mente está cheia de conhecimento desnecessário, eles podem inflar o ego com instruções. E, de qualquer forma, como as palavras poderiam transmitir a riqueza e a plenitude da experiência espiritual? Como diz o zen: "O dedo apontando para a lua não é a lua". Mas isso não parece se aplicar aos livros de Eckhart. De forma misteriosa, suas palavras são a lua. Ele tem a rara capacidade de transmitir espiritualidade através das palavras, por isso é possível para o leitor obter um sabor de iluminação através da leitura de seus livros. 

Comparado com muitos professores espirituais, Eckhart é modesto. Alguns autores e professores espirituais parecem querer atenção e poder. Mas talvez porque ele se tornou um mestre espiritual quase por acidente - simplesmente porque as pessoas são atraídas pela sua presença pacífica - Eckhart não precisa de discípulos. Ele parece muito feliz por não ser ninguém. Embora ele saiba que algo de profundo aconteceu com ele, ele não se vê como uma pessoa especial. Como ele me disse: "Às vezes acontece que as pessoas querem tornar-me especial. Esta é uma armadilha para quem se torna um professor espiritual, eu sempre enfatizo que aquilo que eu chamo de presença vem por mim, mas não sou eu, e o mesmo pode acontecer com vocês, caso contrário não perceberiam que não é minha presença ou sua presença". 

Em minha opinião, essa integridade acrescenta muito poder e autenticidade aos ensinamentos de Eckhart. 

Também é importante que Eckhart fosse um intelectual antes de sua transformação. Intelecto e espiritualidade às vezes são vistos como opostos, mas eles precisam um do outro. O intelecto sem espiritualidade é frio e limitado, mas a espiritualidade sem intelecto também é perigosa, o que muitas vezes leva ao cumprimento de um desejo irracional. O estado de iluminação e o caminho que conduz a ele é um território desconhecido para a maioria de nós. Precisamos de exploradores que tracem esse território, guias que nos mostrem o caminho, que indiquem as dificuldades, que nos mostrem sinais de progresso e nos ajudem a distinguir o falso do verdadeiro. E por causa de seu discernimento afiado, Eckhart faz isso melhor do que qualquer outra pessoa. Ele é realmente um "psicólogo espiritual", que oferece uma análise precisa da loucura da mente humana, identificando suas causas e mostrando-nos como transcendê-la. 

E se, como na minha pesquisa sobre “Out of the Darkness” é sugerido, o tipo de "transformação induzida pelo sofrimento" que Eckhart experimentou está se tornando cada vez mais comum, nos próximos anos é de se esperar que vejamos outros professores espirituais emergir, com um poder e integridade semelhantes. 

Traduzido do espanhol por L.C. Dias. 


A urgência da transformação 

Por Eckhart Tolle 

Quando se vê diante de uma crise radical, quando seu antigo estilo de existir no mundo - de interagir com os outros e com o reino da natureza - não funciona mais, quando sua sobrevivência é ameaçada por problemas aparentemente incontornáveis, uma forma de vida individual, bem como uma espécie, morrerá ou ultrapassará as limitações da sua condição por meio de um salto evolutivo. 

Acredita-se que as formas de vida no nosso planeta tenham se originado no mar. Quando ainda não havia nenhum animal sobre a terra firme, o ar já estava cheio de vida. Então, a certa altura, uma das criaturas marinhas deve ter começado a se aventurar pelo solo. Talvez ela tenha se arrastado por alguns centímetros. Depois, exausta por causa da enorme força gravitacional do planeta, pode ter voltado à água, onde a gravidade é quase inexistente, pois ah conseguiria viver com muito mais facilidade. Mais tarde, ela tentaria de novo, de novo e de novo. Muito tempo depois, esse ser se adaptaria à vida na terra, desenvolvendo pés em vez de nadadeiras e pulmões em lugar de guelras. Parece improvável que uma espécie se expusesse a um ambiente tão estranho e sofresse uma transformação evolucionária, a não ser que fosse compelida a fazer isso por uma situação extrema. Talvez uma grande área de mar tenha passado a receber um volume cada vez menor de água do oceano principal, o que, ao longo de milhares de anos, poderia forçar os peixes a deixar seu habitat e evoluir. 

Responder a uma crise radical que ameace nossa própria sobrevivência - esse é o desafio que se apresenta à humanidade neste momento. O distúrbio da mente humana egóica, identificado há mais de 2.500 anos pela antiga sabedoria dos mestres e agora ampliado pela ciência e a tecnologia, é pela primeira vez algo ameaçador à sobrevivência do planeta. Até pouco tempo atrás, a transformação da consciência humana - também apontada por sábios do passado - era não mais do que uma possibilidade, compreendida por alguns raros indivíduos, independentemente de sua formação cultural e orientação religiosa. Um florescimento disseminado da consciência da nossa espécie não aconteceu porque até então isso não era imperativo. 

Uma parte significativa da população do planeta logo entenderá, se é que isso já não aconteceu, que nossa espécie está diante de uma escolha radical: evoluir ou morrer. Uma porcentagem ainda relativamente pequena da humanidade - mas que cresce com rapidez - já está vivenciando o rompimento com os antigos padrões mentais egóicos e a emergência de uma nova dimensão de consciência. 

O que está surgindo agora não é um sistema inédito de crenças, não é uma religião diferente, não é uma ideologia espiritual nem uma mitologia. Estamos chegando ao fim não só das mitologias como também das ideologias e dos sistemas de crenças. A mudança é mais profunda do que o conteúdo da nossa mente e do que nossos pensamentos. Na verdade, na essência da nova consciência está a transcendência do pensamento, a recém-descoberta capacidade de nos elevarmos ao pensamento, de compreendermos uma dimensão dentro de nós que é infinitamente mais vasta do que ele. Já não extraímos nossa identidade, o sentimento de quem somos do fluxo incessante do pensamento, que, na antiga consciência, considerávamos sermos nós mesmos. 

E para um indivíduo é uma libertação saber que ele não é aquela "voz dentro da cabeça". Quem ele é então? E aquele que compreende isso. A consciência que é anterior ao pensamento, ao espaço em que este - ou a emoção, ou a percepção sensorial - acontece. 

O ego não é mais do que isto: identificação com a forma, o que basicamente corresponde a formas de pensamento. Se o mal tem alguma realidade (e ela é uma realidade relativa, e não absoluta), esta também é uma definição dele: identificação com a forma - formas físicas, formas de pensamento, formas emocionais. Isso resulta de uma total falta de consciência da nossa ligação com o todo, da nossa unidade intrínseca com todos os "outros" e com a Origem. Esse esquecimento é o pecado original, o sofrimento, a ilusão. Quando essa ilusão da completa separação governa tudo o que pensamos e fazemos, que tipo de mundo criou? Para responder a essa pergunta, observe como as pessoas se relacionam entre si, leia um livro de história ou veja o noticiário na televisão hoje à noite. 

Se as estruturas da mente humana permanecerem imutáveis, vamos sempre terminar recriando fundamentalmente o mesmo mundo, os mesmos males, o mesmo distúrbio. 

Um novo céu e uma nova terra

Há uma profecia bíblica que parece mais aplicável agora do que em qualquer outra época da história humana. Ela aparece tanto no Antigo quanto no Novo Testamento e fala do colapso da ordem mundial existente e do surgimento de "um novo Céu e uma nova Terra”. 1 Precisamos entender que o céu mencionado nesse contexto não é um local, e sim o reino interior da consciência. Esse é o significado esotérico do mundo, e esse é também o significado dos ensinamentos de Jesus. A Terra, por outro lado, é a manifestação externa da forma, que é sempre um reflexo do interior. A consciência humana coletiva e a vida no nosso planeta estão intrinsecamente interligadas. "Um novo Céu" é o surgimento de um estado transformado da consciência humana, enquanto "uma nova Terra" é o reflexo do reino físico. 

A vida humana e a consciência humana estão ligadas de modo inerente à vida no planeta. Por isso, à medida que a consciência antiga se dissolve, tendem a ocorrer manifestações naturais de sincronismos geográficos e climáticos em muitas partes do globo, algumas das quais temos testemunhado. 

FONTE: Excerto do capítulo 1 do livro “O despertar de uma nova consciência”, de Eckhart Tolle; tradução de Henrique Monteiro. Rio de Janeiro: Sextante, 2007. 

ANEXO – Trechos Selecionados 

Por L.C. Dias

Para finalizar, gostaria de compartilhar com os leitores do blog alguns trechos do livro, intuitivamente selecionados, que possam ajudar a direcionar as nossas mentes, escravizadas pelas ilusões do ego, ao despertar de uma nova consciência ou, pelo menos, para uma reflexão mais aprofundada sobre a proposta revolucionária e direta de transformação interior oferecida por Tolle: 

“(...) a menos que conheça o mecanismo básico por trás do funcionamento do ego, você não o detectará, e ele irá enganá-lo, impedindo que o reconheça todas as vezes que tentar. (...) o ato do reconhecimento é em si uma das maneiras pelas quais acontece o despertar. Quando você descobre a inconsciência em si próprio, aquilo que torna o reconhecimento possível é o surgimento da consciência, é o despertar. Você não pode lutar contra o ego e vencer, assim como não consegue combater a escuridão. A luz da consciência é tudo o que é necessário. Você é essa luz. “ 
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“Ninguém se torna bom tentando ser bom, e sim encontrando a bondade que já existe dentro de si mesmo e permitindo que ela sobressaia. No entanto, essa qualidade só se distingue quando algo fundamental muda no estado de consciência da pessoa.” 
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“Sob a aparência superficial, todas as coisas estão ligadas não apenas a tudo o que existe como também à Origem de toda a vida da qual procedemos. Até mesmo uma pedra - e mais facilmente uma flor ou um pássaro - pode nos mostrar o caminho de volta a Deus, à Origem, a nós mesmos.” 
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“Há quem nunca se esqueça da primeira vez em que conseguiu romper a identificação com seus pensamentos, momento em que foi capaz de sentir brevemente a mudança de identidade, deixando de ser o conteúdo da sua mente para se tornar a consciência lá no fundo. No caso de outros indivíduos, isso acontece de uma maneira tão sutil que eles mal percebem ou apenas notam uma abundância de alegria ou paz interior sem saberem o que originou esses sentimentos.” 
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“Fiquei impressionado com o que acabara de testemunhar. Aos 25 anos, eu era um aluno maduro do primeiro ano da faculdade e me considerava um intelectual em desenvolvimento. Estava convencido de que todas as respostas aos dilemas da existência humana podiam ser encontradas por meio do intelecto, isto é, pelo pensamento. Não compreendia ainda que o pensamento sem a consciência é o principal dilema da existência humana. Para mim, os professores eram sábios que tinham todas as respostas, enquanto a universidade era um templo do conhecimento. Como poderia uma pessoa insana como aquela fazer parte disso?” 
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“Por um momento, fui capaz de me distanciar da minha própria mente e vê-la de uma perspectiva mais profunda, como ela era. Percebi uma breve mudança - do processo de pensar para o estado de consciência. Eu ainda estava no banheiro, porém sozinho agora, olhando para meu rosto refletido no espelho. No momento em que me desliguei da minha mente, ri em voz alta. Deve ter soado como uma birutice, no entanto era o riso da sanidade, aquele do Buda barrigudo. "A vida não é tão séria quanto minha mente a faz parecer." Era o que a risada parecia dizer. Contudo, aquilo foi apenas um lampejo, e eu o esqueceria bem rápido. Acabei passando os três anos seguintes num estado de ansiedade e depressão, completamente identificado com minha mente. Foi preciso que eu chegasse muito perto do suicídio para que minha consciência retornasse. Depois disso ocorreu bem mais do que um lampejo. Eu me libertei do pensamento compulsivo e do falso eu criado pela mente.” 
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“Essa é a alegria do Ser - expliquei. - Você só pode senti-la quando se desliga da sua cabeça. O Ser deve ser sentido. Não pode ser pensado. O ego não o conhece porque ele se compõe apenas do pensamento. Na verdade, o anel estava na sua mente como um pensamento que você confundiu com a percepção do Ser. Você pensou que seu Ser ou uma parte dele estava nesse objeto. Seja o que for que o ego busque e a que se apegue, isso é um substituto do Ser que ele não consegue sentir. Você pode valorizar as coisas e se preocupar com elas. Porém, sempre que se prender a esses objetos, saberá que se trata do ego. E nunca estará de fato atada a uma coisa, e sim a um pensamento que contém algo como "eu", "mim" ou "meu". Toda vez que você aceita completamente uma perda, o ego é suplantado e quem você é, o Ser que é consciente de si mesmo, aparece.” 
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“De uma coisa, porém, temos certeza: a vida nos proporcionará todas as experiências que forem as mais úteis à evolução da nossa consciência. Como saberemos que determinada experiência é aquela de que necessitamos? Porque ela será a experiência pela qual estaremos passando no momento.” 
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“É errado então termos orgulho dos nossos bens ou ficarmos ressentidos com as pessoas que têm mais do que nós? De maneira nenhuma. Esse sentimento de orgulho, de precisar aparecer, o engrandecimento aparente do eu por meio de "mais do que" e sua diminuição por meio de "menos do que" não está certo nem errado - isso é o ego. O ego não está errado, ele simplesmente não tem consciência disso. Quando o observamos em nós mesmos, estamos começando a superá-lo. Não devemos levá-lo muito a sério. Sempre que você detectar um comportamento egóico em si mesmo, sorria. Se possível, procure até mesmo dar uma risada. Como a humanidade pôde aceitar isso por tanto tempo? Acima de tudo, saiba que o ego não é pessoal. Ele não é quem você é. Se você o considerar um problema particular, isso é apenas mais ego.” 
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“As formas de pensamento "mim", "meu", "mais do que", "eu quero", "eu preciso", "eu devo ter" e "não o bastante" pertencem não ao conteúdo, mas à estrutura do ego. O conteúdo pode ser trocado. Enquanto não reconhecemos essas formas de pensamento em nós mesmos, isto é, enquanto elas permanecem inconscientes, acreditamos no que elas dizem. Assim, ficamos condenados a agir de acordo com esses pensamentos inconscientes, a buscar e não encontrar, pois, quando eles entram em ação, nenhum bem, nenhum lugar, nenhuma pessoa, nenhuma condição jamais nos satisfaz. Não há conteúdo capaz de atender nossa vontade enquanto a estrutura egóica permanece atuante. Não importa o que tenhamos nem o que venhamos a conquistar, não seremos felizes. Sempre estaremos procurando alguma coisa além que nos prometa mais plenitude, que nos diga que vai completar a percepção do eu insatisfeito e saciar aquele sentimento de carência que trazemos dentro de nós.” 
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“Na raiz desse problema está a identificação com a mente. Como as pessoas estão se tornando cada vez mais identificadas com a mente, o que corresponde à intensificação do distúrbio egóico, tem havido também um aumento impressionante no número de casos de anorexia nas últimas décadas. Se o indivíduo com essa disfunção alimentar pudesse observar o próprio corpo sem a interferência dos julgamentos da mente ou até mesmo reconhecê-los pelo que são em vez de acreditar neles - ou, melhor ainda, se conseguisse sentir o corpo internamente -, isso daria início à sua cura. 
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“O ego é invariavelmente a identificação com a forma - está sempre nos procurando e, portanto, nos perdendo em algum tipo de forma. As formas não são apenas objetos materiais e corpos físicos. Mais essenciais do que essas formas externas são as formas de pensamento que surgem de modo contínuo no campo da consciência. Elas são formações energéticas, mais sutis e menos densas do que a matéria física, porém são formas de qualquer maneira. Aquilo que costumamos reconhecer de modo consciente como uma voz na nossa cabeça que nunca para de falar é o fluxo de pensamento incessante e compulsivo. Quando os pensamentos absorvem toda a nossa atenção, isto é, sempre que estamos tão identificados com essa voz e as emoções que as acompanham que nos perdemos de nós mesmos em cada pensamento e em cada emoção, é porque nos encontramos inteiramente identificados com a forma e, portanto, nas garras do ego. O ego é um conglomerado de formas de pensamento recorrentes e de padrões emocionais e mentais condicionados que estão investidos de uma percepção do eu. Ele se estabelece quando o sentido de Existir, do Eu Sou, que é uma consciência sem forma, mistura-se com a forma. Esse é o significado da identificação. Esse é o esquecimento do Ser, o erro fundamental, a ilusão de separação absoluta que converte a realidade num pesadelo.” 
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“Passaram-se quase 300 anos antes que outro renomado filósofo francês visse algo naquela afirmação que Descartes, assim como todo mundo, não havia percebido. Seu nome era Jean-Paul Sartre. Ele refletiu muito sobre a afirmação de Descartes "Penso, logo existo" e, de repente, compreendeu algo. Em suas próprias palavras: "A consciência que afirma 'eu sou' não é a consciência que pensa." O que ele quis dizer com isso? Quando estamos conscientes de que estamos pensando, essa consciência não faz parte do pensamento. É uma dimensão diferente da consciência. E é essa consciência que diz "eu sou". Se não houvesse nada além do pensamento em nós, nem sequer saberíamos que pensamos. Seríamos como alguém que está sonhando e não sabe que está fazendo isso.” 
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“Entendemos nossa verdadeira identidade como a consciência propriamente dita em vez de algo ao qual a consciência se vinculara. Essa é a paz de Deus. A verdade suprema de quem nós somos não é "eu sou isso ou eu sou aquilo", mas "eu sou".” 
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“(...) porque quando critico ou condeno o outro sinto-me maior, superior.” 
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“Não reagir ao ego das pessoas é uma das maneiras mais eficazes de não só superarmos nosso próprio ego como também de dissolver o ego humano coletivo. No entanto, só conseguimos nos abster de reagir quando somos capazes de reconhecer o comportamento de alguém como originário do ego, como uma expressão do distúrbio coletivo da espécie humana. Quando compreendemos que não se trata de nada pessoal, a compulsão para reagir desaparece. Não reagindo ao ego, muitas vezes podemos fazer aflorar a sanidade nos outros, que é a consciência não condicionada em oposição à consciência condicionada.” 
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“A Igreja Católica e outras religiões estão certas quando apontam o relativismo como um dos demônios do nosso tempo. No entanto, não encontraremos a verdade absoluta se a procurarmos onde ela não está: em doutrinas, ideologias, conjuntos de leis ou histórias. O que todas essas coisas têm em comum? Elas se constituem de pensamentos. Na melhor das hipóteses, o pensamento indica a verdade, contudo nunca é a verdade.” 
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“A verdade é inseparável de quem nós somos. Sim, você é a verdade. Sempre que a procurar em outro lugar, acabará decepcionado. O próprio Ser que é você é a verdade. Jesus tentou mostrar isso quando disse: "Eu Sou o caminho, a verdade e a vida". Jesus fala do Ser mais interior, da essência da identidade de cada homem ou mulher - na verdade, de toda forma de vida. Ele se refere à vida que nós somos. Alguns místicos cristãos chamam isso de "o Cristo interior"; os budistas o denominam "natureza de Buda"; para os hinduístas, é o atmã, a essência divina.” 
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“Reconheça o ego pelo que ele é: um distúrbio coletivo, a insanidade da mente humana. Quando o identificamos pelo que ele é, deixamos de interpretá-lo erroneamente como a identidade de uma pessoa. E temos mais facilidade em não adotar uma atitude reativa em relação a ele. Já não o tomamos como algo pessoal. Não existe queixa, culpa, acusação nem ação equivocada. Ninguém está errado. É apenas o ego em alguém, só isso. A compaixão surge quando compreendemos que todas as pessoas sofrem do mesmo distúrbio mental, algumas delas de forma mais aguda do que outras. Assim, paramos de nutrir o conflito que faz parte de todos os relacionamentos egóicos. E o que o alimenta? A atitude reativa: com ela, o ego prospera.” 
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“Consciência significa presença, e apenas ela pode dissolver o passado inconsciente dentro de nós.” 
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“A humanidade está destinada a superar o sofrimento, contudo não da maneira como o ego imagina. Um dos seus numerosos pressupostos errôneos, um dos seus muitos pensamentos enganosos é: "Eu não deveria ter que sofrer." Algumas vezes, essa ideia é transferida para alguém próximo a nós: "Meu filho não deveria ter que sofrer." Esse pensamento está na raiz do sofrimento, que tem um propósito nobre: a evolução da consciência e o esgotamento do ego. O homem na cruz é uma imagem arquetípica. Ele é todo homem e toda mulher. Quando resistimos ao sofrimento, o processo se torna lento porque a resistência cria mais ego para ser eliminado. No momento em que o aceitamos, porém, o processo se acelera porque passamos a sofrer de modo consciente. Conseguimos aceitar a dor para nós mesmos ou para outra pessoa, como um filho ou um dos pais. Em meio ao sofrimento consciente existe já a transmutação. O fogo do sofrimento transforma-se na luz da consciência.” 
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“A verdade é que, antes de sermos capazes de transcender o sofrimento, precisamos aceitá-lo.” 
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“E somente quando encontramos a dimensão sem forma em nós mesmos é possível haver amor verdadeiro nessa relação. A presença que nós somos, o "eu sou" eterno, reconhece a si mesma em outro indivíduo, e este - neste caso, o filho - se sente amado, ou seja, reconhecido.” 
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“Diz-se que ‘Deus é amor’, no entanto isso não está certo. Deus é a Vida Única que está nas incontáveis formas de vida e além delas. O amor implica dualidade: quem ama e quem é amado, sujeito e objeto. Portanto, ele é o reconhecimento da unicidade no mundo da dualidade. Isso é o nascimento de Deus no mundo da forma. O amor torna o mundo menos "terreno", menos denso, mais transparente para a dimensão divina, a própria luz da consciência.” 
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“Fazer o que é exigido de nós em qualquer situação sem que isso se torne um papel com o qual nos identificamos é uma lição essencial na arte de viver que todos nós estamos aqui para aprender. Somos mais eficazes no que quer que façamos quando executamos a ação em benefício dela mesma, e não como um meio de proteger e acentuar a identidade do nosso papel. Todo papel é uma percepção fictícia do eu e, por meio dele, tudo se torna personalizado e assim corrompido e distorcido pelo "pequeno eu" criado pela mente, seja qual for a função que este esteja desempenhando.” 
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“Se o conflito egóico tem de fato um propósito, este é indireto: ele cria cada vez mais sofrimento neste mundo, e o sofrimento, embora produzido em sua maior parte pelo ego, no fim também o destrói. Ele é o fogo no qual o ego se consome.” 
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“Por que o ego interpreta papéis? Por causa de um pressuposto não questionado, um erro fundamental, um pensamento inconsciente, que é: "Não sou o bastante." E a esse pensamento se seguem outros, como "Tenho que interpretar um papel para conseguir o que é necessário para me completar", "Preciso obter mais para ser mais". No entanto, não podemos ser mais do que somos porque, por baixo da superfície da nossa forma física e psicológica, somos um só com a Vida em si mesma, com o Ser. Na forma, somos e seremos sempre inferiores a algumas pessoas e superiores a outras. Na essência, não somos inferiores nem superiores a ninguém. A verdadeira autoestima e a autêntica humildade surgem dessa compreensão. Aos olhos do ego, a auto-estima e a humildade são contraditórias. Na verdade, elas são uma só coisa e a mesma.” 
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“Se em meio ao negativismo conseguirmos compreender a idéia de que naquele instante estamos causando sofrimento a nós mesmos, isso será suficiente para nos colocar acima das limitações das reações e dos estados egóicos condicionados. Isso mostrará as infinitas possibilidades que se abrem para nós quando a consciência está presente - maneiras diferentes e muito mais inteligentes de enfrentarmos qualquer situação. Assim que reconhecemos nossa infelicidade como algo não inteligente, nos libertamos dela. O negativismo é destituído de inteligência. Ele é sempre uma criação do ego, que pode ser esperto, mas não é inteligente. A esperteza persegue objetivos próprios e pequenos. A inteligência vê o conjunto maior em que todas as coisas estão interligadas. A esperteza é motivada pelo interesse pessoal e é extremamente imediatista. Em sua maioria, os políticos e os profissionais do mundo dos negócios são espertos. Muito poucos são inteligentes. Tudo o que é alcançado por meio da esperteza tem vida curta e sempre resulta numa derrota pessoal. A esperteza divide, enquanto a inteligência inclui.” 
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“O ego cria separação, e a separação causa sofrimento. Portanto, o ego é claramente patológico.” 
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“O corpo de dor pesado da China é até certo ponto abrandado pela prática amplamente disseminada do tai chi chuan. Todos os dias, nas ruas e nos parques da cidade, milhões de pessoas realizam essa meditação em movimento que acalma a mente. Isso faz uma diferença considerável no campo energético coletivo e avança um pouco no sentido de diminuir o corpo de dor pela redução do pensamento e o estabelecimento do estado de presença. 

As práticas espirituais que envolvem o corpo físico, como o tai chi, o qigong e a ioga, também estão sendo cada vez mais adotadas no mundo ocidental. Essas técnicas não criam uma separação entre o corpo e o espírito e ajudam a enfraquecer o corpo de dor. Elas desempenham um papel importante no despertar mundial.” 
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“Existe apenas um praticante do mal no planeta: a inconsciência humana. Compreender isso é o caminho para o perdão. Quando perdoamos, nossa identidade de vítima se dissipa e nossa verdadeira força se manifesta - a força da presença. Portanto, em vez de culpar a escuridão, acenda a luz.” 
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“É nossa presença consciente que rompe a identificação com o corpo de dor. Quando não nos identificamos mais com ele, o corpo de dor torna-se incapaz de controlar nossos pensamentos e, assim, não consegue se renovar, pois deixa de se alimentar deles. Na maioria dos casos, ele não se dissipa imediatamente. No entanto, assim que desfazemos sua ligação com nosso pensamento, ele começa a perder energia. O pensamento pára de ser embotado pela emoção, enquanto nossas percepções do momento não são mais distorcidas pelo passado. A energia que estava presa no corpo de dor muda sua freqüência vibracional e é convertida em presença. Dessa maneira, o corpo de dor se torna combustível para a consciência. E por isso que muitas das pessoas mais sábias e iluminadas do planeta, entre homens e mulheres, já tiveram um corpo de dor bastante pesado.” 
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“De uma perspectiva superior, é impossível não estar alinhado com a evolução do universo. Até mesmo a inconsciência humana e a dor que ela produz fazem parte desse progresso. Quando não conseguimos mais suportar o ciclo interminável de sofrimento, começamos a despertar. Portanto, o corpo de dor também ocupa um lugar necessário no quadro mais amplo.” 
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“A mente abarrotada de pensamentos não é capaz de compreender a presença e, assim, costuma interpretá-la mal. Ela nos dirá que não estamos preocupados, que estamos distantes, que não temos compaixão, que não estamos nos relacionando. A verdade é que estamos interagindo, porém num nível mais profundo do que o dos pensamentos e das emoções. Na realidade, nesse nível existe um encontro genuíno, uma autêntica união que vai muito além do relacionamento. Na calma silenciosa da presença, conseguimos sentir a nossa essência sem forma e a da outra pessoa como algo único. Sabermos que nós e o outro somos um só é o verdadeiro amor, a verdadeira atenção, a verdadeira compaixão.” 
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“Toda vez que estamos presentes quando o corpo de dor se manifesta, uma parte da energia emocional negativa que o constitui se queima, por assim dizer, e é transmutada em presença. O que resta dele se retira rapidamente e espera por uma oportunidade melhor para aparecer, isto é, quando estivermos menos conscientes. Isso pode acontecer sempre que saímos do estado de presença, talvez depois de tomarmos alguns drinques ou enquanto assistimos a um filme violento. A mais leve emoção negativa, como uma sensação de irritação ou ansiedade, também pode servir como uma passagem pela qual o corpo de dor consegue retornar. Ele precisa da nossa inconsciência, pois não é capaz de tolerar a luz da presença.” 
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“No entanto, como estamos testemunhando uma afluência sem precedentes de consciência sobre o planeta neste momento, muitas pessoas não precisam mais chegar às profundezas do mais agudo sofrimento para conseguir romper a identificação com o corpo de dor. Sempre que elas percebem que voltaram a cair no terreno do distúrbio, são capazes de escolher abandonar a identificação com o pensamento e com a emoção e voltar para o estado de presença. Elas abrem mão da resistência, tornam-se calmas e atentas, alcançam a unificação com o que existe, dentro e fora de si mesmas. 

O próximo passo na evolução humana não é inevitável, mas, pela primeira vez na história do planeta, pode ser uma escolha consciente. Quem está fazendo essa escolha? Você está. E quem é você? A consciência que se tornou consciente de si mesma.” 
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“Portanto, quando sentir o corpo de dor, não cometa o equívoco de pensar que existe algo errado com você. O ego adora quando você faz de si mesmo um problema. O conhecimento precisa ser seguido pela aceitação. Qualquer outra coisa irá obscurecê-lo novamente. Aceitação significa que você se permite sentir qualquer coisa naquele momento. Isso é parte da essência do Agora. Você não pode discutir com o que é. Bem, você pode. No entanto, se fizer isso, sofrerá. Por meio da aceitação, você se torna o que você é: vasto, pleno de espaço. Transforma-se no todo. Não é mais um fragmento, que é como o ego vê a si mesmo. Sua natureza verdadeira emerge, e ela está unificada com a natureza de Deus.” 
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“Nós não somos o ego. Portanto, quando nos tornamos conscientes do ego em nós, isso não significa que sabemos quem somos - isso quer dizer que sabemos quem não somos. Mas é por meio do conhecimento de quem não somos que o maior obstáculo ao verdadeiro conhecimento de nós mesmos é removido.” 
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“A fonte de toda a abundância não está fora de você. Ela é parte de quem você é. Entretanto, comece por admitir e reconhecê-la exteriormente. Veja a plenitude da vida ao seu redor. O calor do sol sobre sua pele, a exibição de flores magníficas num quiosque de plantas, o sabor de uma fruta suculenta, a sensação no corpo de toda a força da chuva que cai do céu. A plenitude da vida está presente a cada passo. Seu reconhecimento desperta a abundância 

interior adormecida. Então permita que ela flua para fora. Só o fato de você sorrir para um estranho já promove uma mínima saída de energia. Você se torna um doador. Pergunte-se com freqüência: "O que posso dar neste caso?” 
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“Não há nada de errado com a psicanálise nem com o fato de alguém descobrir mais a respeito do seu passado, desde que não confunda conhecer sobre si mesmo com conhecer a si mesmo. O dossiê de 5 mil páginas é sobre a pessoa: o conteúdo da sua mente que é condicionado pelo passado. Seja o que for que ela venha a aprender pela psicanálise ou pela observação de si mesma será sobre ela. Não é ela. É conteúdo, e não essência. Ir além do ego é sair do conteúdo. Conhecer a nós mesmos é ser nós mesmos. E ser nós mesmos é pararmos de nos identificar com o conteúdo.” 
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“Quando nos conhecemos apenas por meio do conteúdo, também pensamos que sabemos o que é bom ou ruim para nós mesmos. Discriminamos os acontecimentos entre os que são "bons para nós" e aqueles que são "maus". Essa é uma percepção fragmentada da unicidade da vida na qual tudo está interligado, em que cada acontecimento tem seu lugar e sua função dentro da totalidade. Contudo, a totalidade é mais do que a aparência superficial das coisas, mais do que a soma total das suas partes, mais do que qualquer coisa que nossa vida e o mundo contêm.” 
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“O pensamento isola situações ou acontecimentos e os chama de bons ou maus, como se eles tivessem uma existência separada. Por meio da dependência excessiva do pensamento, a realidade se torna fragmentada. Esse fracionamento é uma ilusão, contudo parece muito real enquanto permanecemos presos a ela. O universo, porém, é um todo indivisível onde todas as coisas estão interconectadas, onde nada existe de modo independente.” 
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“Em vez de avaliar os eventos, ele os aceita e, dessa maneira, entra em alinhamento consciente com a ordem superior. Esse homem sabe que quase sempre é impossível para a mente entender que lugar ou propósito um acontecimento que parece aleatório ocupa no trançado da totalidade. No entanto, não há eventos casuais, assim como nem as coisas nem os fatos existem por e para si mesmos de modo isolado. Os átomos que constituem nosso corpo foram forjados nas estrelas, enquanto as causas do menor dos eventos são virtualmente infinitas e ligadas ao todo de maneiras incompreensíveis. Se quiséssemos encontrar o motivo de um acontecimento, teríamos que percorrer o caminho de volta até o começo da criação. O cosmo não é caótico. A própria palavra "cosmo" significa ordem. Mas essa não é uma ordem que a mente humana possa chegar a entender, embora consiga ter um vislumbre dela.” 
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“Ele permite que a forma do momento, positiva ou negativa, seja como ela é e, assim, não se torna um participante do drama humano. Para Hakuin, existe apenas o momento, que sempre é como é. Os acontecimentos não são personalizados. Ele não é vítima de ninguém. Dessa maneira, alcança tal unicidade com o que acontece que os eventos deixam de ter poder sobre ele. Somente quando resistimos ao que ocorre é que ficamos à mercê dos acontecimentos e o mundo determina nossa felicidade ou infelicidade.” 
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“Quando não estamos mais totalmente identificados com as formas, a consciência - quem nós somos - se vê livre do seu aprisionamento na forma. Essa liberdade é o surgimento do espaço interior. Ele chega como um estado de silêncio e calma, uma paz sutil enraizada dentro de nós, mesmo diante de algo que parece mau - "Isto também passará". De repente existe espaço em torno do acontecimento. Há também espaço ao redor dos altos e baixos emocionais, até mesmo da dor. E, acima de tudo, existe espaço entre nossos pensamentos. E, desse espaço, emana uma paz que não é "deste mundo", porque este mundo é forma, enquanto a paz é espaço. Essa é a paz de Deus. 

Agora podemos desfrutar e estimar as coisas e os eventos sem lhes atribuir uma importância que eles não possuem. Temos condições de participar da dança da criação e sermos ativos sem nos apegarmos ao resultado e sem impormos exigências pouco razoáveis em relação ao mundo, como satisfaça-me, faça-me feliz, faça-me sentir seguro, diga-me quem sou. O mundo não pode nos dar nada disso e, quando deixamos de ter essas expectativas, todo o sofrimento que nós mesmos criamos chega ao fim. Toda essa dor se deve à valorização exagerada da forma e à falta de consciência quanto à dimensão do espaço interior. Quando essa dimensão está presente na nossa vida, podemos aproveitar as coisas, as experiências e os prazeres sensoriais sem nos perdermos neles, sem nos apegarmos internamente a nada disso, isto é, sem nos tornarmos viciados no mundo. 

A mensagem "Isto também passará" é um instrumento de orientação em relação à realidade. Ao indicar a transitoriedade de todas as formas, ela também aponta implicitamente para o eterno. Apenas o eterno dentro de nós reconhece o efêmero como efêmero. Sempre que a dimensão do espaço se perde ou não é conhecida, as coisas assumem uma importância absoluta, uma seriedade e um peso que, na verdade, elas não possuem. Toda vez que o mundo não é visto da perspectiva do que não tem forma, ele se torna um lugar ameaçador e, em última análise, de desespero.” 
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“O sentido da consciência do espaço é que, além de estarmos conscientes das coisas - que sempre se resumem a percepções, pensamentos e moções -, existe um estado subjacente de atenção. Isso quer dizer que temos consciência não apenas das coisas (objetos) como também do fato de que estamos conscientes. É o que ocorre quando somos capazes de sentir um silêncio interior sempre alerta ao fundo enquanto os eventos acontecem no primeiro plano. Essa dimensão está presente em todos nós. No entanto, para a maioria das pessoas, ela passa totalmente despercebida. Às vezes, eu a aponto da seguinte maneira: "Você é capaz de sentir sua própria presença?

A consciência do espaço representa a liberdade tanto em relação ao ego quanto à dependência das coisas, do materialismo e da materialidade. Ela é a dimensão espiritual que, sozinha, pode dar um significado verdadeiro e transcendente a este mundo. 

Sempre que estamos aborrecidos com algo que ocorreu, com alguém ou com uma situação, a verdadeira causa desse estado de ânimo não é o que aconteceu, nem a pessoa, nem a circunstância, mas a perda da verdadeira perspectiva que apenas o espaço pode oferecer. Estamos presos à consciência dos objetos, inconscientes do espaço interior atemporal da consciência propriamente dita. A frase "Isto também passará", quando usada como um indicador, pode restaurar a consciência dessa dimensão para nós.” 
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"Você é capaz de sentir sua própria presença?" 
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Para aprofundamento: 

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