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Mostrando postagens de setembro, 2021

Cultivando o Discernimento

Por  John Welwood Mesmo nas melhores circunstâncias possíveis, o caminho do desenvolvimento espiritual não é tão direto quanto parece à primeira vista. Uma das razões disso é que ele nos introduz numa ordem superior de verdade, que muitas vezes está em desacordo com nossas formas comuns de pensamento e percepção. No budismo, esses dois planos da realidade são chamados de verdade absoluta e verdade relativa. Certas perspectivas que derivam do plano absoluto – como “nada é real”, “renúncia à razão”, “bem e mal não passam de ilusões”, “abrir mão do ego e render-se” – podem tornar-se facilmente instrumentos de auto engano, perversão e grandes danos quando usadas de forma errada ou confusa. Vislumbres fáceis das verdades espirituais estão muito longe da realização espiritual genuína. O desenvolvimento espiritual real, encarnado, acontece por meio de um processo implacável de autoconfronto que exige de nós a superação de todos os nossos medos e resistências. O que, por sua vez,

Quando as Crenças Dividem

Por  Bernhard Guenther Dividir & Conquistar é um termo usado para descrever o antigo jogo utilizado para controlar todos os lados de um debate / questão / conflito e colocar os grupos humanos envolvidos uns contra os outros - não apenas para manipulá-los para agir de acordo com um resultado específico em mente, mas também para criar uma frequência emocional deletéria, para manter a humanidade presa nesta prisão vibracional de medo e ódio, por intermédio de ciclos de trauma que se repetem infinitamente.  Este modelo é o modus operandi básico do Sistema de Controle que tem funcionado através das civilizações humanas por milhares de anos. As massas reagem mecanicamente (sob a ilusão de "livre arbítrio") aos estímulos problema / reação / solução, submetidas a interferências e manipulações das forças ocultas que existem além dos cinco sentidos, enquanto permanecem distraídas pelas sombras projetadas na "parede da caverna". Ao aceitar certas crenças sepa

É Você Que Estará Lá

Por  Jon Kabat-Zinn Para estarmos verdadeiramente em contato com o ponto em que já estamos, não importa qual seja, precisamos criar, em nossa experiência, uma lacuna que dure o tempo necessário para que o momento presente seja assimilado. Para que possamos realmente sentir o momento presente, enxergá-lo em sua plenitude, mantê-lo na consciência e, portanto, passar a conhecê-lo e entendê-lo melhor. Só então seremos capazes de aceitar a verdade deste momento na vida, aprender com ele e seguir em frente. No entanto, muitas vezes parece que estamos preocupados com o passado – com o que já aconteceu – ou com um futuro que ainda não chegou. Estamos em busca de outro lugar, onde esperamos que as coisas sejam melhores, mais felizes, mais do jeito que queremos que sejam ou como eram antigamente. Na maior parte do tempo só temos uma noção parcial dessa tensão interna – se é que temos alguma. E assim corremos o risco de acabar trancados na ficção pessoal de que já sabemos quem somo

O Primeiro Passo

Por  Alan Watts Existe um motivo para as grandes filosofias orientais começarem com a prática da concentração, isto é, da observação atenta. É como dizer: Se você quer saber o que é a realidade, deve olhar diretamente para ela e ver por si próprio. Mas isso requer um certo grau de concentração, porque a realidade não consiste de símbolos, palavras e pensamentos, ou reflexões e fantasias. Então, para poder vê-la claramente, sua mente deve estar livre de palavras errantes e das fantasias flutuantes da memória. A isso, certamente estaríamos propensos a responder: “Tudo bem, mas é mais fácil falar do que fazer”. Alguma dificuldade sempre parece surgir quando se traduz palavras em ação, e essa dificuldade parece ser particularmente grave no que tange à chamada vida espiritual. Confrontados com este problema, recuamos e começamos a nos ocupar com uma série de discussões sobre métodos e técnicas, e outros recursos para concentração. Mas deve ser fácil perceber que tudo isso não

A Libertação do Sofrimento

Por  David Parrish O sofrimento humano é uma questão de estar em conflito com a vida, com outras pessoas, com as sensações físicas (dor), com o tempo, com pensamentos e sentimentos. Estar em desacordo com o que é, é a condição da mente de uma pessoa. Uma mente pessoal é aquela que julga e avalia tudo o que aparece.  Uma mente pessoal é uma mente que está relacionada a um cérebro que está condicionado a buscar prazer e evitar a dor. Portanto, o sofrimento é inerente a ser uma pessoa que se sente separada vivendo em um mundo ameaçador. Quase todos os seres humanos estão totalmente identificados com a mente.  Eles consideram pensamentos e sentimentos como seus pensamentos e sentimentos. Então, é a pessoa que pensa "não gosto disso", "não quero isso", "isso não deveria estar acontecendo", "não posso suportar isso", "quero isso", "gosto disso" ou "não quero que isso acabe". Já foi dito que a fonte do sofrim

O Supermercado Espiritual

Por  Mariana Caplan Quando começamos a nos interessar pelo caminho espiritual, vale a pena termos em mente o alerta que insiste em que "tenhamos cuidado com o que compramos", pois a verdadeira espiritualidade pode ser manipulada até se tornar um bem de consumo que pode ser vendido e comprado em qualquer mercado. A espiritualidade não é apenas um caminho para a libertação, verdade e compaixão, mas também um grande negócio, pois, hoje em dia, a espiritualidade se alia à cultura capitalista a ponto de podermos falar de uma autêntica "economia do espírito", que é muito fácil de se confundir com a espiritualidade autêntica. O encontro entre Oriente e Ocidente, a tendência à globalização, o consumismo que caracteriza a cultura americana e seu crescente impacto no resto do mundo levou ao surgimento de uma superabundância de movimentos espirituais que se espalharam por toda parte com a mesma velocidade do McDonald's e Starbucks. Convido o leitor que disco

O Desafio de Servir

Por  Bernhard Guenther Do ponto de vista do "Serviço para os Outros" (STO - Service To Others), só se pode dar quando perguntado e muitas pessoas escolhem não acordar, escolhem não buscar a verdade ou evitar fazer o trabalho interno de forma consciente; escolhem ficar dormindo, sonhando acordados. Muitos até escolhem o caminho do "Serviço para Si Mesmo" (STS - Service To Self), em um nível da alma, assim como muitos escolhem não “despertar”. Somente aqueles que optaram por servir a si mesmos (STS) violam o livre arbítrio por meio de manipulação e interferência não solicitada. O livre arbítrio precisa ser respeitado, mesmo que seja para aceitar que alguém opte por permanecer na ignorância. As pessoas têm que aprender suas próprias lições mesmo quando estão mentindo para si mesmas, mesmo quando estão seguindo egoisticamente seus próprios caminhos. Mas aqueles que optam por servir aos outros (STO), não podem interferir no processo de aprendizado alheio, p

Um Grito Transformador

Por Ken Wilber O fato alarmante é que qualquer entendimento profundo carrega uma terrível responsabilidade: aqueles a quem é permitido ver, simultaneamente estão encilhados no dever de comunicar a visão em termos bem claros; esta é a troca. Foi-lhe permitido ver a verdade com a condição que você a comunicaria a outros (este é o sentido último do voto do bodhisattva). E, portanto, se você viu, deve falar. Fale com compaixão, fale com furiosa sabedoria, ou fale habilmente, mas fale. E esta é, verdadeiramente, uma carga terrível, uma carga horrível, porque em nenhuma situação há lugar para timidez. O fato de que você possa estar errado não é desculpa; você pode estar certo em sua comunicação, ou pode estar errado, mas isto não importa. O que importa, como nos lembrou secamente Kierkegaard, é que somente investindo e relatando sua visão com paixão, a verdade pode penetrar, de uma maneira ou de outra, na relutância do mundo. Se você está certo ou errado, somente sua paixão f