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Além da crença em ETs: A heresia ufológica de Jacques Vallée

Por L.C. Dias

“Dentro do diabólico jogo de marionetes que move o proscênio da história, se oculta a mesma mão que move o bispo com sua mitra, o papa com sua cruz, o gendarme com seu bastão. Devemos encarar e questionar o manipulador de marionetes. Ele pode ser o mesmo ser que faz voar os OVNIs.”

“Quando eu me aproximei da Ufologia, nos anos 60, pensei que a hipótese extraterrestre era a melhor de todas as que havia para explicar o fenômeno. Mas fui forçado a mudar de opinião porque os dados que coletei contradizem essa hipótese.”

“Teoricamente, é possível que a forma de consciência envolvida — seja ela extraterrestre ou não — é tão avançada ou estranha a nós que a questão de interação com ela seja realmente insolúvel.”

“O fenômeno OVNI realmente existe. Nesta base, só nos resta renegociar o que entendemos por realidade.”
Jacques Vallée

O astrofísico e cientista da computação Jacques Vallée é uma voz dissonante no campo das ideias ufológicas nos últimos 50 anos. Considerado herético entre os heréticos, é mundialmente conhecido por defender uma concepção heterodoxa do fenômeno OVNI e suas derivações, conhecida como Teoria Magoniana ou Hipótese Interdimensional.

Segundo essa hipótese, os OVNIs e os fenômenos a eles associados, como as abduções, procedem de outros Universos que compõem o Multiverso, coexistindo com o Universo que conhecemos. A origem desses fenômenos não necessariamente procede de algum local do tecido do espaço a nossa volta, podendo estar coabitando conosco o próprio planeta Terra, transcendendo tanto o tempo como o espaço. Além disso, seriam manifestações modernas de antigos mitos ao longo da história, interpretados anteriormente como entidades mitológicas ou sobrenaturais, como fadas, duendes, súcubos e íncubos. Tratar-se-ia de um sistema espiritual, de controle, que atua sobre os seres humanos, através do uso de símbolos para interação em nível psíquico. No entanto, os fenômenos podem também se manifestar fisicamente. (1)

O francês Jacques Vallée nasceu em Pontoise, uma commune nos subúrbios a noroeste de Paris, no ano de 1939. Formou-se em Matemática em Sorbonne, em seguida, fez Mestrado em Astrofísica na Universidade de Lille e começou sua carreira profissional como astrônomo no Observatório de Paris, em 1961. Em 1962, deixou a França para a prática de astronomia na Universidade do Texas, onde ajudou a criar o primeiro mapa informatizado de Marte para a NASA. Frequentou então a Universidade de Northwestern, onde obteve um doutorado em Ciência da Computação. Foi um dos principais pesquisadores do grande projeto de rede de computadores da NSF, o que levou ao primeiro sistema de conferências por ARPANET, antecessor da Internet.

Interessado pelos OVNIs, ingressou no Projeto Livro Azul. Junto com seu mentor, o astrônomo Joseph Allen Hynek, fundou o Colégio Invisível, que, em seguida, levou à organização do CUFOS (Center For UFO Studies), um grupo de especialistas de todas as partes do mundo que se interrogavam sobre os discos voadores, sem necessariamente se apegarem a uma crença preconcebida em extraterrestres. (2)

Nesta época trava um diálogo revelador com o Dr. Joseph Hynek, que talvez possa indicar a provável fonte de inspiração para as suas ideias heterodoxas:

“JAH: Para mim o desafio era descobrir as limitações da ciência, os lugares onde ela falhou: os fenômenos que ela não conseguia explicar.

JV: Você estudou o paranormal antes de decidir se tornar um astrônomo?

JAH: Passei muito tempo lendo sobre assuntos esotéricos. É claro que eu não diria nada disso aos meus colegas, eles pensariam que sou louco. Mas, como estudante, li tudo o que pude encontrar sobre os rosacruzes e os filósofos herméticos.

JV (Foi a minha vez de respirar fundo): Eu também poderia confessar que passei vários anos nos mesmos estudos. Até recentemente eu estava fazendo um curso [a distância] na Ordem dos Rosacruzes.

JAH: Ah sim? Em qual?

JV: AMORC, que é baseado em San José.

JAH: Você sabe, há vários movimentos que se chamam Rosacruzes. Entre os escritores herméticos, fiquei muito impressionado com Max Heindel quando eu era mais jovem, até que comecei a ler os livros do Manly Hall. Eventualmente isso me levou a Rudolf Steiner, que eu acho que é o mais profundo do grupo.

JV: Eu sempre admirei as tradições antigas que afirmam que não há algo como uma organização física da Ordem Rosacruz. A única válida, argumentam os Rosacruzes, não existe neste nível de existência. E eles insistem que a verdadeira iniciação, a única iluminação do espírito que conta, não pode vir de nenhum professor humano, mas apenas da própria natureza. Quando li isso, deixei de ser membro do grupo San José. Eu continuo me perguntando sobre a existência de uma comunidade Rosacruz genuína que permaneça invisível.” (3)

Por sua parte, o astrofísico Hynek, que nutriu e enriqueceu as ideias do Dr. Vallée, estudou durante anos a filosofia Rosacruz. Foi através dessa troca que Hynek reformulou sua última visão sobre a ufologia:

“Eu argumento que é completamente possível que exista uma tecnologia que combine tanto o plano físico quanto o plano psíquico: o material e o mental. Há estrelas que são milhões de anos mais velhas que o Sol. Haverá então civilizações que serão milhões de anos mais velhas que o Homem. [...] eu teorizo ​​uma tecnologia híbrida que nuclea as esferas mental e material. Os reinos psíquicos, tão misteriosos para nós hoje, podem ser algo comum de uma tecnologia avançada.” (4)

Entretanto, Vallée dá a seguinte resposta quando entrevistado sobre sua suposta inclinação mística:

“Eu nunca fico confortável com uma arbitrária separação do mundo entre universo físico (que é presumivelmente aquele que a ciência estuda) e o psicológico, social e psíquico lado da vida. Para mim esta separação arbitrária é a maior fraqueza do nosso sistema intelectual. A maior parte dos cientistas estudam astronomia desde uma idade prematura, como eu fiz, provavelmente motivados por algo semelhante ao desejo místico de entender o céu noturno e abraçar o seu maior significado. Como o tempo passa, é claro, este desejo se corrompe e se torna trivial. No meu caso eu o manejei de forma a manter esta curiosidade sempre nova sobretudo porque eu não tive uma “experiência mística” no sentido religioso, eu sempre suspeitei que deve haver um outro nível de consciência e que isto sempre foi acessível para a mente humana.”

Mas, insatisfeito com a abordagem convencional ao estudo e pesquisa dos Ovnis, Vallée rompeu com a comunidade ufológica e desde 1987 é capital risquer (investidor de risco em inovações) no Vale do Silício, onde tem participado em dezenas de novos empreendimentos, no entanto, sem deixar de estar continuamente envolvido no aprofundamento das pesquisas ufológicas e na divulgação de suas ideias inovadoras através de livros, palestras e entrevistas que visam abrir caminho para uma visão mais abrangente do fenômeno OVNI e suas implicações para uma compreensão mais fidedigna da realidade multidimensional que nos cerca. Neste sentido, fez a seguinte declaração:

“As pessoas julgaram que eu tenha me retirado, para subir ao topo de uma montanha e filosofar. A razão pela qual abandonei a cena da ufologia, é a de que eu queria trabalhar na investigação de UFOS e estava cansado de comparecer a congressos e encontros onde só se falavam nas mesmas coisas. O que acontecia era somente, muita falação. Penso que o caminho do conhecimento nesta área, não é o de se dialogar uns com os outros e sim o de dialogar com as testemunhas. Isto é o que eu quero fazer e o farei em primeiro lugar. Eu desejo ser capaz de ir ao local, encontrar-me com as testemunhas e monitorar o que aconteceu dentro de um certo período de tempo. Portanto, a minha maior prioridade é os casos de primeira mão que não foram publicados ou comunicados aos grupos ufológicos, porque, no momento o qual eles se tornam parte de muita discussão, ficam polarizados. Quero produzir pesquisas a longo tempo. Em dez anos, acumulei cerca de 200 destes casos. Meu livro (Confrontations) é realmente um sumário dos casos mais interessantes.” (5)

Curiosamente, o reconhecimento de Vallée como um pensador seminal e de vanguarda perante a já cristalizada ortodoxia ufológica da época, levou o cineasta norte americano Steven Spielberg a se inspirar em seu trabalho para a criação da personagem Lacombe, o cientista francês interpretado por François Truffaut no icônico filme Contatos Imediatos do 3° Grau.

Um ano depois do lançamento do filme, em 1978, a ONU o convidaria como um de seus principais oradores, junto com Dr. Hynek, para expor o problema dos OVNIs diante dos líderes mundiais, onde fez uma série de recomendações alertando os governos a se envolverem seriamente no estudo desse fenômeno.

Portanto, não estamos falando de um ingênuo cultuador de discos voadores, nem mesmo de um possível abduzido com revelações extraterrestres extraordinárias, muito menos de um ufólogo amador de finais de semana. Estamos falando sim de uma mente brilhante, munida de uma formação acadêmica impecável e uma invejável carreira científica. Não somente um pensador especulativo, mas sim um destacado e incansável pesquisador de campo, ou seja, um cientista plenamente abalizado para apresentar uma hipótese revolucionária para o complexo e insondável fenômeno OVNI.

Sua extensa produção literária dos últimos 50 anos vai além do universo ufológico, abrangendo obras de caráter técnico científico, como também, romances de ficção científica, sendo Confrontations (1991) – traduzido e publicado pela Editora Bestseller com o título de Confrontos: A Pesquisa e o Alerta de um Cientista, em 1992 - o único título disponível em língua portuguesa.

Segundo Cláudio Suenaga, historiador e ufólogo brasileiro, o Fenômeno OVNI passou a ocupar um escopo muito mais amplo com profundas repercussões e implicações no imaginário e no campo social com a publicação, em 1969, de Passaporte para Magônia, livro em que Vallée opõe-se às idealidades da representação e vai muito além do quadro específico de referência que envolve os OVNIs explorando os mecanismos geradores de visões religiosas, êxtases místicos, aparecimentos de criaturas sobrenaturais e discos voadores, todos apoiados nos mesmos processos e estruturas e causadores dos mesmos efeitos nos observadores humanos. (6)

Em 1988, Vallée publicou o livro Dimensions: A Casebook of Alien Contact, aprimorando a tese proposta em Magônia. No livro declara que a tese extraterrestre não tem suficiente abrangência para explicar o fenômeno ufológico. Defende que o fenômeno UFO pode indicar a evidência de outras dimensões além do espaço-tempo; os OVNIs podem não vir do espaço comum conhecido pela ciência, mas a partir de um multiverso que nos rodeia. Acredita que participamos de um sistema que transcende o tempo e o espaço. Uma inteligência alienígena que pode se disfarçar como um invasor marciano, como um deus primitivo, como a Santíssima Virgem, como uma frota de aeronaves. Não sãos manifestações de uma espaçonave comum, no sentido de porcas e parafusos. Os OVNIs são manifestações físicas que simplesmente não podem ser entendidas sem levar em consideração os aspectos psíquicos, simbólicos e sociais associados ao fenômeno.

Em Revelations, o volume final da Trilogia Alien Contact, publicado em 1991, Vallée faz a seguinte afirmação:

“O fenômeno UFO genuíno, é associado com uma forma de consciência inumana que manipula o “espaço-tempo” de uma forma que não compreendemos… Esta é a verdade mais simples: se existe uma forma de vida e consciência que opera as propriedades do “espaço-tempo”, nós ainda não a descobrimos e ela não deve ser, necessariamente, extraterrestre. Pode ser proveniente de qualquer lugar ou tempo, até mesmo do nosso próprio ambiente. Certamente, pode também ser proveniente de um outro sistema solar na nossa galáxia, ou de outra galáxia. Pode também, coexistir conosco e nós não a percebemos. As entidades podem ser multidimensionais além do próprio espaço-tempo. Elas podem mesmo ser uma espécie de seres fracionados. A terra pode ser o seu lugar de origem.” (7)

Porém, uma das ideias mais polêmicas e perturbadoras formuladas por Vallée sugere que os OVNIs representam uma forma de inteligência alienígena que está manipulando continuamente a história humana:

“Uma análise computacional de tendências históricas, compilado nos anos 70, fez-me plotar um gráfico impressionante de ondas de atividade de UFOs que podiam ser consideradas como periódicas. Fred Beckman e o Dr. Price Williams da UCLA apontaram que isto remontava a uma programação de reforçamento típico de uma aprendizagem ou processo de treinamento: o fenômeno era mais um sistema de controle do que um evento exploratório de alienígenas viajantes. Existem muitos sistemas de controle ao redor de nós, e alguns são parte da natureza: ecologia, clima, etc.. Alguns são feitos pelos homens: o processo de educação, o termostato na sua casa. Se o fenômeno dos UFOs representa um sistema de controle, poderíamos testá-lo para determinar se é natural ou artificial, aberto ou fechado? Esta é uma das mais interessantes questões sobre o fenômeno que nunca foram respondidas.” (8)

E ratifica a sua posição da seguinte forma:

“Nos Estados Unidos há cada vez mais registros de pessoas que se dizem raptadas e levadas para dentro de naves, onde são submetidas a algum tipo de exame médico. Bem, na minha opinião isso não faz o menor sentido, porque se os ETs quisessem conhecer a biologia humana, poderiam obter essas informações por outros métodos mais fáceis e mais rápidos. Não precisariam fazer isso com tanta freqüência. Minha interpretação é de que as testemunhas estão falando a verdade sobre o que pensam ser real. Elas não estão mentindo. Mas o que aconteceu com elas foi algo simbólico e como tal deve ser entendido. Há um sistema que nos controla e nos expõe a uma “certa realidade”, mas não devemos acreditar nessas imagens. Seria como ir ao cinema e acreditar que o filme realmente acontece ao mesmo tempo. (...) É claro que o Fenômeno UFO tem a habilidade de liberar imagens para a população, as quais sugerem uma forma de poder diferente. Eles podem “brincar” conosco, podem nos condicionar a certos tipos de comportamento.” (9)

Além disso, Vallée alertou sobre possíveis fraudes e distorções associadas ao fenômeno OVNI promovidas, sorrateiramente, de tempos em tempos, por agências governamentais, novas seitas e outros grupos interessados em manipular as crenças pessoais e coletivas:

“Eu penso que ė uma área na qual as pessoas deveriam ser cautelosas. Penso que várias coisas que estão sendo discutidas hoje em dia, entre pessoas que acreditam em UFOs, tanto podem ser místicas como parte de alguma forma de manipulação de alguma espécie, que incluem histórias de pequenos alienígenas, híbridos e abduções e por aí em diante. Várias coisas que podem ter sido usadas como material para que seitas injetassem na cultura essas ideias de forma deturpada e misturadas com suas próprias fantasias sobre um final do mundo ou do milênio e com todo o resto. Ou, em um sentido mais sinistro, em alguns casos que eu investiguei, a distorção esconde um experimento de controle mental. (...) E em muitos casos, os UFOs não são simplesmente fantasias nas mentes de algumas poucas testemunhas, mas foram plantadas como parte de um ocultamento para uma tecnologia terrestre que está sendo desenvolvida secretamente.” (10)

Esta outra faceta do fenômeno OVNI, de matiz conspiratória, pode parecer absurda e até ficcional, mas não deve ser negligenciada por todo aquele que tem a coragem de ir além do convencional:

“Jacques Vallée, um dos primeiros a pesquisar a manipulação secreta do cenário OVNI por agências oficiais, concluiu: “alguém vai ter muitos problemas para convencer o mundo de que somos ameaçados por seres do espaço exterior.” Isso se encaixa com sua hipótese Magoniana. Vallée apresentou sua declaração mais explícita do quadro geral no enredo de seu romance de 1996, Fastwalker (escrito com Tracy Tormé): um poderoso grupo de conspiradores humanos sabe que o fenômeno UFO é criado por entidades de um mundo paralelo, mas eles pretendem convencer líderes mundiais e da população global da existência de "alienígenas”- e, em seguida, posicionar-se como intermediários do mundo.” (11)

Concluo esta breve exposição com uma singela metáfora dimensional apresentada pelo ufólogo brasileiro Pedro de Campos, com a intenção de explicitar as possíveis implicações subjacentes ao pensamento de Vallée e sua Hipótese Interdimensional:

“Uma outra dimensão é um outro mundo! Se num formigueiro houvesse uma formiga cientista, por hipótese ela definiria uma gota de chuva caída no chão como sendo: ‘Aparição misteriosa de grande bolha translúcida surgida do nada após estrondos e luzes no céu; uma materialização repentina de fluido viscoso e nevoento, com base plana e cúpula arredondada formando platô; não é possível subir nela, há risco de vida, porque, após calor intenso, a bolha desaparece entrando misteriosamente no mesmo nada de onde viera’. A formiga não vê o homem, mas o homem vê a formiga e sabe que o aparecimento de uma gota de chuva não é isso. Contudo, para compreender a outra dimensão da vida, o homem é apenas formiga!” (12)

NOTAS:

(1) Wikipedia
(2) Ibidem n.1
(3) Forbidden Science (sec. Chicago, Sunday 13 November 1966)
(7) Ibidem n.5
(8) Ibidem n.5
(9) Ibidem n.5
(10) Ibidem n.5
(12) Universo Profundo, Lúmen Editorial, 2003.

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