Por L.C. Dias
Em Passaporte para Magônia, livro do astrofísico e cientista da computação francês Jacques Vallée, publicado em 1969, são lançadas as bases da Hipótese Interdimensional ou Teoria Magoniana no campo dos estudos ufológicos:
“Se tomarmos uma ampla amostra de material histórico, veremos que se acha organizado ao redor de um tema central: a visita de seres aéreos procedentes de um ou vários países lendários e remotos. Variam os nomes e as peculiaridades, porém a ideia central permanece. Chama-se Magônia, céu, inferno, País das Fadas..., todos estes lugares tem uma característica comum: nenhum ser vivente pode chegar a eles, exceto – como veremos – em raras ocasiões. Os emissários destes lugares sobrenaturais chegam a Terra as vezes em forma humana e outras debaixo da aparência de monstros. Uma vez aqui, realizam maravilhas. Servem aos homens ou os combatem. Influem nas civilizações através de revelações místicas. Seduzem as mulheres, e os pouco heróis que se atrevem a buscar sua amizade descobrem que as donzelas do País das Fadas sentem uns desejos que, mais que uma natureza puramente etérea, põe de manifesto uma natureza carnal.”
Concordo com Cláudio Suenaga, historiador e ufólogo brasileiro, quando afirma que para Vallée, “os mecanismos que deram origem a essas várias crenças são idênticos”. Os fenômenos superficiais nesses campos variam, disse ele, “em função do ambiente cultural no qual eles se projetam”. Mas, atrás do fluxo havia “características estáveis e invariáveis” de um fenômeno mais amplo que gerava tecnologia. A aparência tecnológica não passaria de uma formalidade, uma espécie de “fachada” para uma interação mais ampla e disfarçada da humanidade com uma fonte progenitora. Essa fonte empenha-se há séculos em moldar lenta, imperceptível e subliminarmente o imaginário humano por meio da projeção de eventos-imagem com coerência suficiente para serem notados, mas complexos a ponto de não serem compreendidos em sua totalidade. Era esse o contexto que Vallée queria explorar, não os significados dos discos voadores numa categoria, por eles mesmos. (1)
Desde a publicação de Magônia, ocorrida há meio século, vem emergindo um movimento na comunidade ufológica rumo a uma gradativa aceitação do paradigma interdimensional como recurso indispensável para uma ampliação do ferramental epistemológico de estudo e compreensão do fenômeno OVNI.
Tal afloramento representa uma tomada de consciência das limitações de uma abordagem puramente “científica” e material para o tema, como também, da necessidade urgente de uma proposta multidisciplinar que possa atender a diversidade de eventos extraordinários que acompanham as aparições de objetos voadores não identificados.
A hipótese extraterrestre, a mais aceita pelos ufólogos na atualidade, nunca foi capaz de explicar, convincentemente, a rica e diversificada fenomenologia associada aos OVNIs.
Alternativamente, a busca por teorias que fogem ao mainstream, como por exemplo a dos astronautas do passado, apesar de plausíveis, são incapazes de enfrentar uma análise crítica mais rigorosa, pois estão mescladas, arbitrariamente, tanto de provas incontestáveis, quanto de premissas de caráter puramente especulativo e suposições não verificáveis.
Portanto, vamos encontrar nas ideias heterodoxas de Jacques Vallée - amparadas na sua sólida formação acadêmica, associada a mais de 50 anos de pesquisas ufológicas muito bem documentadas - a oportunização de um caminho alternativo promissor para a elucidação do fenômeno OVNI, com implicações profundas para a nossa atual percepção da realidade, como também, para o papel que deveríamos desempenhar como seres autoconscientes no grande esquema da criação.
Abraçando esta nova perspectiva, fui ao encontro das fronteiras marginais que delimitam ambos os campos aparentemente dissociados de estudo - ufologia e parapsiquismo. Então, foi quando considerei a possibilidade de investigar mais detidamente as canalizações produzidas pelo contato com supostos seres alienígenas interdimensionais.
Inicialmente, cético em relação a maioria das canalizações vinculadas ao movimento Nova Era - principalmente em decorrência da estonteante massa desconexa de material espúrio, superficial e tendencioso, oriundos das fontes mais exóticas como anjos, avatares, mestres ascencionados e ETs - fui surpreendido com a leitura dos livros da série A Lei do Uno.
O Material Ra, como são conhecidos os cinco livros intitulados como The Law of One (A Lei do Uno), é uma coleção de transcrições de 106 sessões de canalização, cujo o comunicante se identificou como um complexo de memória social chamado Ra, supostamente uma coletividade de consciências de um nível superior, muito além do nosso atual patamar evolutivo.
O Material Ra traz diversos esclarecimentos sobre o fenômeno OVNI, como também, revelações que complementam e corroboram muitas das ideias revolucionárias propostas por Vallée, principalmente, aquelas referentes a Hipótese Interdimensional, onde o importante conceito de Densidade é introduzido por Ra.
Neste sentido, a exemplo de Vallée, o Material Ra enfatiza a estreita relação existente entre a evolução consciencial da espécie humana e o fenômeno OVNI. Esta revelação pode ser fundamental para que possamos ir além da nossa acanhada visão de mundo, rumo a um despertar coletivo sem precedentes.
Entretanto, como poderíamos enfrentar esta gigantesca tarefa de cartografar Magônia, compreendida como a representação, nas mais diversas culturas humanas, daquele reino mítico habitado por seres sobrenaturais, que possivelmente são os responsáveis diretos pela produção de toda a complexa fenomenologia associada as aparições de OVNIs?
Então, seguindo na mesma linha de questionamento, como poderíamos definir os "magonianos"? Seriam seres angelicais ou anjos caídos? Demônios maléficos ou apenas pessoas desencarnadas? Seres extraterrestres do nosso universo físico ou consciências hiperdimensionais? Habitantes de universos paralelos ou simplesmente entidades imaginárias que populam as nossas mentes imaturas?
E o mais importante, o que os seres "magonianos" querem de nós terráqueos, insignificantes coadjuvantes neste infinito drama cósmico? Quais seriam suas intenções em relação a uma primitiva coletividade de almas, recém egressa da animalidade, que habita um diminuto ponto azul localizado nos subúrbios mais longínquos da Via Láctea?
Na verdade, a única coisa que sabemos é que esses seres sobrenaturais - seja para o "bem" ou para o "mal" - nos visitam de tempos em tempos, desde a antiguidade, com os seus exuberantes veículos alados - carruagens de fogo, barcos dourados e naves cintilantes - deixando marcas profundas no nosso imaginário coletivo, influenciando, através destes fenômenos extraordinários, a marcha evolutiva dos seres humanos que estagiam no planeta Terra.
Portanto, com a intenção de explorar esta fascinante perspectiva proposta por Vallé que, por sua vez, sofreu uma significativa ampliação por parte das revelações divulgadas pelo Material Ra, foi criado o blog:
Com esta iniciativa, pretendemos humildemente colaborar com a árdua, cativante e desafiadora tarefa de cartografar Magônia, e demonstrar, através do estudo do Material Ra, as profundas implicações da hipótese magoniana para um mundo em acelerado processo de transformação.
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