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Orwell e Huxley: Após 1984, um abominável mundo novo?

Por L.C. Dias

" Os fatos são como os bonecos dos ventríloquos. Sentados no joelho de um homem sábio articularão palavras de sabedoria; noutros joelhos, não dirão nada ou dirão disparates, ou comprazer-se-ão em puro diabolismo."
***
" Experiência não é o que acontece com um homem; é o que um homem faz com o que lhe acontece."
***
"Em tempos normais, nenhum indivíduo são pode concordar com a ideia de que os homens são iguais." 
***
" Há um único recanto do universo que podemos ter certeza de melhorar: o nosso próprio eu."
Aldous Huxley

"A linguagem política, destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade e o crime se torne respeitável, bem como a imprimir ao vento uma aparência de solidez."
***
"Numa época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário."
***
"Ver aquilo que temos diante do nariz requer uma luta constante."
***
"Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade."
George Orwell 

Os escritores ingleses George Orwell e Aldous Huxley são mundialmente conhecidos como os criadores das duas distopias mais aclamadas do século passado: 1984 e Admirável Mundo Novo.

Admirável Mundo Novo ("Brave New World" na versão original em língua inglesa) é um romance de autoria de Aldous Huxley, publicado em 1932. A narrativa envolve uma história que transcorre num futuro muito distante, próxima ao ano 2500 ou, mais precisamente “no ano 600 da Era Fordiana”, em alusão satírica a Henry Ford (1863-1947), pioneiro norte-americano da indústria automobilística e inventor de um método de organização de trabalho para a fabricação em série e padronização de peças. (...) O livro denuncia a perspectiva “de pesadelo” de uma sociedade totalitária fascinada pelo progresso científico e convencida de poder oferecer a seus cidadãos uma felicidade obrigatória. Apresenta a visão alucinada de uma humanidade desumanizada pelo condicionamento pavloviano e pelo prazer ao alcance de uma pílula (o “soma”). Num mundo horrivelmente perfeito, a sociedade decide totalmente, com fins eugenistas e produtivistas, a sexualidade da procriação.(...) Desde seu nascimento, cada ser humano é, além disso, educado em “centros de condicionamento do Estado”. Em função dos valores específicos de seu grupo, e por meio do recurso maciço à hipnopedia, criam-se nele os “reflexos condicionados definitivos” que o fazem aceitar seu destino. (1)

"Nineteen Eighty-Four" (Mil Novecentos e Oitenta e Quatro), mais conhecido como "1984", é um romance de autoria de George Orwell, publicado em 1949. O enredo é ambientado em uma província do superestado da Oceania, no ano de 1984, em um mundo de guerra perpétua, vigilância governamental onipresente e manipulação pública e histórica. Os habitantes deste superestado são ditados por um regime político totalitário. O superestado imaginado por Orwell está sob o controle da elite privilegiada do Partido Interno, um partido e um governo que persegue o individualismo e a liberdade de expressão como "crime de pensamento", que é aplicado pela "Polícia do Pensamento". A tirania é ostensivamente supervisionada pelo Grande Irmão (Big Brother), o líder do Partido que goza de um intenso culto de personalidade, mas que talvez sequer exista. O Partido "busca o poder por seu próprio bem. Não está interessado no bem dos outros, está interessado unicamente no poder". (2)

Para Helio Gurovitz, mais que Orwell, Huxley previu o nosso tempo:

"Publicado em 1948, o livro 1984, de George Orwell, saltou para o topo da lista dos mais vendidos depois da posse de Donald Trump. Parece que as mentiras e a propaganda de Trump – ou melhor, a “pós-verdade” e os “fatos alternativos” – foram antevistos no Grande Irmão, no Ministério da Verdade e em todo o universo orwelliano. A distopia de Orwell, mesmo situada no futuro, tinha um endereço certo em seu tempo: o stalinismo. Sua obra toda, não apenas 1984, está repleta de ataques às ditaduras totalitárias que procuravam manter o poder pela censura de vozes discordantes, pelo extermínio de opositores, pelo controle da informação e pela difusão de uma versão única e centralizada da verdade. Mas é um equívoco ver em Trump ou Vladimir Putin espectros ressuscitados do nazismo e do stalinismo, retratados em 1984. Orwell fez uma caricatura da ditadura, não da democracia. O mundo da “pós-verdade”, dos “fatos alternativos” e da anestesia intelectual nas redes sociais mais parece outra distopia, publicada em 1932: Admirável mundo novo, de Aldous Huxley." (3)

Na verdade, Gurovitz ratifica o estudo feito por Postman, no livro "Amusing ourselves to death", publicado originalmente em 1985, após a passagem do distópico ano de 1984:

"Estávamos de olho em 1984. Quando o ano chegou e a profecia não se cumpriu, os norte-americanos (estadunidenses) sérios cantaram docemente em louvor a si mesmos. As raízes da democracia liberal se haviam sustentado. Onde quer que o terror houvesse se materializado, nós, pelo menos, não fôramos visitados pelos pesadelos de Orwell.

No entanto, havíamos esquecido que, ao lado da visão sombria de Orwell, havia outra – mais velha, ligeiramente menos conhecida, igualmente deprimente: o Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley. Em oposição à crença generalizada até mesmo dentre os mais cultos, Huxley e Orwell não profetizaram a mesma coisa. Orwell avisa que seremos subjugados por uma opressão externamente imposta. Na visão de Huxley, porém, nenhum Grande Irmão é necessário para privar as pessoas de sua autonomia, maturidade e história. Segundo ele, as pessoas virão a amar sua opressão, a adorar as tecnologias que destroem suas capacidades de pensar.

Orwell temia aqueles que banissem os livros. Huxley temia que não houvesse motivos para se banir os livros, pois não haveria quem os quisesse ler. Orwell temia aqueles que nos privassem de informação. Huxley temia aqueles que nos dessem tanta informação que ficaríamos reduzidos à passividade e ao egoísmo. Orwell temia que a verdade nos fosse ocultada. Huxley temia que a verdade se afogasse em um mar de irrelevância. Orwell temia que nos tornássemos uma cultura cativa. Huxley temia que nos tornássemos uma cultura trivial (...). Conforme Huxley observou em Admirável Mundo Novo, os libertários e racionalistas civis que estão para sempre em alerta para opor a tirania “fracassaram ao ignorar o apetite quase infinito do homem por distrações”. Em 1984, Orwell complementou, o homem é controlado por meio da dor. No Admirável Mundo Novo, o controle é por meio do prazer. Em suma, Orwell temia que aquilo que detestamos nos arruinará. Huxley temia que aquilo que amamos nos arruinará." (4)

De certa forma, o próprio Huxley já havia percebido diferenças marcantes entre as duas visões distópicas, conforme relatado em uma carta endereçada a Orwell, logo após a publicação de "1984":

"Dentro das próximas gerações, acredito que os governantes mundiais irão descobrir que condicionamento infantil e narco-hipnose são mais eficientes, como instrumentos de opressão, do que prisões e centros de tratamento, e que essa busca por poder pode ser satisfeita ao sugestionar a população a amar sua servitude ao invés de espancá-las e chutá-las à obediência. Em outras palavras, eu sinto que o pesadelo de 1984 está destinado a ser modulado ao pesadelo de um mundo que se assemelha ao que eu imaginei em Admirável Mundo Novo." (5)

Neste sentido, concordo com Ignacio Ramonet quando afirma o seguinte: 

"Extremamente inteligente e admirador da ciência, Huxley expressa no romance, no entanto, um profundo ceticismo em relação à ideia de progresso, e desconfiança diante da razão. Frente à invasão do materialismo, o autor engendra uma interpretação feroz às ameaças do cientificismo, do maquinismo e do desprezo à dignidade individual. Claro que a técnica assegurará aos seres humanos um conforto exterior total, de notável perfeição, estima Huxley com desesperada lucidez. Todo desejo, na medida em que possa ser expresso e sentido, será satisfeito. Os seres humanos terão, nesse ponto, perdido sua razão de ser. Terão transformado a si mesmos em maquinas. Já não se poderá falar, em sentido estrito, de “condição humana”.

Mas o “condicionamento” não cessou de se intensificar desde a época em que Huxley publicou o livro e anunciou que, no futuro, seríamos manipulados sem que nos déssemos conta. Em particular, pela publicidade. Por meio do recurso a mecanismos psicológicos e graças a técnicas muito experimentadas, os mad men da publicidade conseguem que compremos um produto, um serviço ou uma ideia. Deste modo, convertemo-nos em pessoas previsíveis, quase teledirigidas. E felizes..." (6)

Em 1937, anos antes de escrever a carta para Orwell sobre o "1984", Huxley se mudou para os EUA e lá conheceu Gerald Heard. Ele entrou em um novo período de produção, onde deixou de escrever ficção e passou a se preocupar mais com a mente humana. O autor passou a exercer grande influência na Califórnia (EUA), onde se articularam movimentos de contestação ao racionalismo ocidental e ao modelo americano de vida, antecipando elementos da contracultura dos anos 1960 e 1970, como a rejeição do consumismo, as tendências anarquistas, o interesse pelo Oriente e as experiências místico-visionárias – entre elas, o uso indígena de substâncias alucinógenas, como a mescalina. Para Olavo de Carvalho, que assinou o prefácio de alguns livros de Huxley publicados no Brasil, esta nova fase do escritor pode ser considerada como um “voltar a si, reconquistar perenemente o senso da verdadeira unidade e, com isso, redescobrir a luz do espírito em seus reflexos no mundo exterior – eis o sentido da vida e da literatura de Aldous Huxley. Poucos escritores, no século 20, souberam colocar a ocupação literária a serviço de finalidade tão alta e tão nobre”. (7)

Talvez, os cenários distópicos vislumbrados por Orwell e Huxley sejam premonições de um futuro sombrio que ainda nos espreita. 

Apesar do universo ficcional de Huxley estar mais próximo da nossa sociedade capitalista pós moderna, com sua alienação consumista e o escapismo narcotizado pelos diversos "Soma", não podemos olvidar a possibilidade de um recrudescimento dos totalitarismos ao modo "Big Brother", conforme previsto por Orwell. 

Entretanto, cabe a nós, como indivíduos, acordar para a nossa tragédia coletiva pressagiada, e optar, conscientemente, por transformar em utopia inspiradora, a distopia de um dantesco e abominável planeta prisão, onde seremos privados, seja pelo prazer ou dor, de nossa própria humanidade e liberdade, como também, do nosso pontecial ilimitado de crescimento, realização e transcendência. 

E, finalmente, alertados pelas profecias de Orwell e Huxley, assumirmos a nossa responsabilidade coletiva pela construção de um verdadeiro e admirável mundo novo, onde grassará a liberdade, a fraternidade e o respeito pela diversidade entre todas as pessoas e povos da Terra. 

L.C. Dias

Notas:
(2) Adaptado do texto original publicado na Wikipedia 

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