Por Jean-Yves Leloup
Nesta mensagem, cheia de esperança e inspiração, Leloup nos convida a ir mais além do simbolismo da tradição judaico-cristã rumo a uma compreensão mais profunda e universal da temática pascal.
Portanto, em tempos de crise, de transição planetária, mais do que em qualquer outro, precisamos ser passantes, partícipes desta maravilhosa trajetória coletiva que nos levará a tão almejada "terra que nos foi prometida".
Portanto, em tempos de crise, de transição planetária, mais do que em qualquer outro, precisamos ser passantes, partícipes desta maravilhosa trajetória coletiva que nos levará a tão almejada "terra que nos foi prometida".
Sejamos, corajosamente, transeuntes planetários!
L.C. Dias
Sede passantes!
Por Jean-Yves Leloup
Este tema da passagem é o tema da Páscoa. Pessah em hebraico, quer dizer passagem.
A passagem, no rio, de uma margem à outra margem, a passagem de um pensamento a outro pensamento, a passagem de um estado de consciência a outro estado de consciência. A passagem de um modo de vida a um outro modo de vida.
Somos passageiros.
A vida é uma ponte e, como diziam os antigos, não se constrói sua casa sobre uma ponte.
Temos que manter, ao mesmo tempo, as duas margens do rio, a matéria e o espírito, o céu e a terra, o masculino e o feminino e fazer a ponte entre estas nossas diferentes partes, sabendo que estamos de passagem.
É importante lembrar-se do caráter passageiro de nossa existência, da impermanência de todas as coisas, pois o sofrimento geralmente é de querermos fazer durar o que não foi feito para durar.
A grande páscoa é a passagem desta vida mortal para a vida eterna, é a abertura do coração humano ao coração divino.
É a passagem da escravidão para a liberdade, passagem que é simbolizada pela migração dos hebreus, do Egito para a terra Prometida.
Mas não é preciso temer o Mar Vermelho. O mar de nossas memórias, de nossos medos, de nossas reações.
Temos que atravessar todas estas ondas, todas estas tempestades, para tocar a terra da liberdade, o espaço da liberdade que existe dentro de nós.
Sede passantes.
Creio que esta palavra é verdadeiramente um convite para continuarmos nosso caminho a partir do lugar onde algumas vezes paramos.
Observemos o que pára a vida em nós, o que impede o amor e o perdão, onde se localiza o medo dentro de nós.
É por lá que é preciso passar, é lá o nosso Mar Vermelho.
Mas, ao mesmo tempo, não esqueçamos a luz, não esqueçamos a liberdade, a terra que nos foi prometida.
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