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Unidade na Diversidade: A Filosofia Univérsica de Huberto Rohden

Por Huberto Rohden

"Terapia, cura real, é essencialmente uma questão de Verdade, isto é, da Realidade Conscientizada, do Uno Infinito fluindo harmoniosamente através dos Versos Finitos – é uma questão da Essência Divina canalizada através da Existência Humana. E isto é Cosmoterapia."
Huberto Rohden

Huberto Rohden foi um pioneiro, em terras brasileiras, na construção de uma visão integral do ser humano e do cosmos. Mesmo levando em conta que a sua formação filosófica inicial foi majoritariamente cristã, elaborou uma filosofia de cunho transreligioso, fundamentada na síntese dos princípios que norteiam o pensamento ocidental e oriental.

Pensador inovador, a sua obra é vastíssima, abarcando diversos campos do saber humano, porém, marcada por profundos insights de natureza filosófico-mística. Para Rohden, “pela intensa conscientização e experiência intuitiva, deve o homem atingir a alma do Universo e perceber esta Realidade do UNO em todas as Facticidades do VERSO, universificando destarte a sua vida”.

Pressagiando alguns aspectos basilares da terapêutica transpessoal, afirmava que a felicidade não está em acabar com os ofensores, mas em acabar com o ofendido, que é o pobre ego humano e não o nosso Eu divino. Para Rohden, esta é a única terapia ao nosso verdadeiro alcance, nomeada por ele como Cosmoterapia. Atingindo-a, teremos resolvido o problema central da Vida.

Entretanto, reconheço, infelizmente, que sua obra não foi devidamente estudada, nem compreendida, merecendo, com certeza, maior divulgação e notoriedade, para que possa iluminar o caminho de um maior número de buscadores sedentos por esclarecimento. Esta é uma das propostas do blog “Além da Crença”.

Além disso, o que mais impressiona nos escritos de Rohden, é a capacidade de apresentar temas complexos de uma forma clara e simples, sem perder a profundidade inerente aos princípios metafísicos abordados, mostrando uma competência didática ímpar, característica dos grandes instrutores da humanidade.

O material postado é um exemplo dessa competência Rohdeniana de iluminar o entendimento humano em relação às questões fundamentais da existência. Portanto, convido aos leitores do blog a saborearem um lampejo do pensamento de Rohden no texto postado a seguir.

L.C. Dias

Cosmoterapia - Diretrizes preliminares 

Universo

É esta a palavra mais precisa e genial para designar a natureza bipolar do cosmo. Não Uni x verso – unidade separada da diversidade.

Nem Uni = verso – unidade idêntica à diversidade.

Mas Uni > verso – unidade imanente na diversidade e transcendente a ela.

Quer dizer: não há separação (x) entre o Uno e o Verso.

Nem há identidade (=) entre o Uno e o Verso.

Mas há uma complementaridade parcial (>) entre o Uno e o Verso.

Se fosse Uni x verso, o Uno seria apenas transcendente ao Verso, mas não seria imanente nele.

Se fosse Uni = verso, haveria apenas imanência entre o Uno e o Verso, mas sem transcendência; haveria identidade sem alteridade; o Verso, ou a soma total dos Versos, seria totalmente idêntico ao Uno; a soma total dos Finitos (Verso) seria igual ao Infinito (Uno).

Mas, no Uni > Verso, o Uno é maior que o Verso, e este é menor que aquele; há ao mesmo tempo imanência e transcendência. O Verso pode dizer: Eu e o Uno somos um, o Uno está em mim, e eu estou no Uno – mas o Uno é maior do que eu.

À luz da mais rigorosa lógica e matemática, nenhum Verso (Finito) está fora do Uno (Infinito); semelhante dualismo separatista é absolutamente impossível.

Por outro lado, nenhum Verso (Finito) pode ser totalmente idêntico ao Uno (Infinito); e por esta razão o panteísmo identificador está fora da lógica e da matemática.

Dentro da lógica e da matemática só é admissível o monismo cósmico, segundo o qual todo e qualquer Verso (Finito) está no Uno (Infinito), mas o Uno do Infinito ultrapassa todos os Versos Finitos. Ou seja: a Essência está em todas as Existências, mas a Essência Infinita transcende todas as Existências Finitas. Ou ainda: o Creador está em todas as creaturas, mas a soma total das creaturas não equivale ao Creador, porque o Creador é maior que todas as creaturas.

Em forma de simbologia aritmética, poderíamos dizer:

Nem 100 x 10

Nem 100 = 10

Mas 100 > 10.

Aqui o 100 representa o Infinito, o Uno, ao passo que o 10 simboliza o Finito, o Verso. Entretanto, como “toda a comparação claudica”, o mal, neste símile, está no fato de ser o 100 uma quantidade finita (do mesmo nível do Verso 10), e não uma qualidade Infinita (da natureza do Uno). Se substituíssemos o 100 pelo sinal clássico do Infinito, ∞, poderíamos dizer afoitamente, dentro da lógica e da matemática: ∞ > 10; e podemos aumentar esse 10 ilimitadamente: 20, 100, 1.000, 1.000.000.000, etc.; e nuca haverá perigo de que estas quantidades finitas, por maiores que sejam, ultrapassem a qualidade infinita do ∞. Todos os Finitos (quantidades) estão sempre no Infinito (qualidade), embora este transcenda sempre àqueles.

É destarte que devemos imaginar o Universo, considerado em sua totalidade, Essência-Existência, Infinito-Finito, Uni-Verso.

O Uno da Essência Infinita – Vida, Saúde, Felicidade – quando, pela intensa conscientização, permeia todos os Versos das Existências Finitas, enche de si todos eles, tornando-os vivos, sadios, felizes.

Terapia, cura real, é essencialmente uma questão de Verdade, isto é, da Realidade Conscientizada, do Uno Infinito fluindo harmoniosamente através dos Versos Finitos – é uma questão da Essência Divina canalizada através da Existência Humana.

E isto é Cosmoterapia.

À luz desta verdade, parece estranho que haja algo imperfeito, que haja deficiência de vida, saúde e de felicidade aqui na terra. Se a Fonte é absolutamente perfeita e pura, como é possível que os canais veiculem algo imperfeito e impuro? Não deveríamos esperar nos canais finitos a mesma perfeição e pureza que há na Fonte Infinita?

Aqui, certamente, defrontamos o mais obscuro enigma da existência.

Donde vêm os males?

Da fonte?

Não!

Dos canais?

Sim!

Mas como? Se os canais são o prolongamento da Fonte?

Os canais, é certo, são ontologicamente – na ordem do Ser – autênticos prolongamentos da Fonte e, como tais, não contêm impureza nem imperfeição. Mas logicamente – na ordem do Conhecer – os canais humanos (não os da natureza) não são simplesmente prolongamentos da Fonte Infinita; há nos canais humanos algo que os separa da Fonte e lhes dá a possibilidade de agirem em seu próprio nome, por sua própria conta e risco, como se fossem algo realmente separado da Fonte. E este separatismo subjetivo, esta ilusão de uma ego-existência separada da cosmo-essência (de Deus, se quiserem), dá aos canais humanos suficiente autonomia subjetiva, suficiente ego-consciência para os canais humanos interceptarem o fluxo das águas vivas da Fonte Infinita da Vida, Saúde e Felicidade, e funcionarem em virtude da sua pequena e precária egoidade.

É esta ego-consciência separatista que obstrui o influxo e o efluxo das águas vivas da Fonte nos canais. E a Vida, Saúde e Felicidade perfeitas da Fonte aparecem, nos canais humanos, diminuídas em forma de um vivo, de um sadio, de um feliz muito imperfeitos.

Este elemento obstrutor nos canais humanos se chama liberdade ou livre-arbítrio.

A liberdade é uma espécie de jurisdição divina concedida ao homem. Na zona da sua liberdade, o homem é Deus, um ego-deus, e dentro do âmbito desta zona do livre-arbítrio o Cosmo-Deus não é mais responsável nem pelo uso nem pelo abuso da liberdade humana, do pseudo-deus-ego. Aqui, o homem é seu próprio deus e seu próprio antideus.

A liberdade é a mais preciosa – e também a mais perigosa – faculdade que o Uno divino transmitiu ao Verso hominal. Com ela pode o homem integrar-se conscientemente no eterno Uno, eternizando-se – e pode também separar-se livremente do eterno Uno, desintegrando-se. Pode, pelo uso ou abuso da liberdade, entrar na Vida Eterna – e pode também sucumbir à Morte eterna.

A natureza infra-hominal (Maya) é inconscientemente cósmica.

O homem-ego (Aham) pode ser conscientemente anti-cósmico (ou também cósmico).

O homem-Eu (Atman) é conscientemente cosmificado.

Por causa desta possível cosmificação do homem-Eu, permite a alma do cosmo (Deus) a possível anticosmicidade do homem.

É esta a tal felix culpa, o tal necessarium peccatum de que canta o hino pascal do “Exultet”.

O infra-homem neutro do Éden (Maya) atravessa a zona do homem-ego da serpente rastejante (Aham), a fim de atingir as alturas da serpente verticalizada do homem-Eu (Atman), acrescentando o seu polo positivo Eu ao polo negativo do ego.

O homem, no estágio hominal da sua evolução ego (o Adi-aham ou Adam do Gênesis), pode sucumbir à ilusão de ser uma entidade separada do grande Uno, da alma do Universo, separado de Deus; é este o seu erro de origem, o seu “pecado original”. E não há nenhum “batismo”, nenhum mergulho que o possa libertar dessa ilusão, a não ser o mergulho na verdade do Eu. Só quando o homem mergulha na Fonte profunda do seu Eu verdadeiro é que ele é liberto da ilusão da sua egoidade. “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” – é este o único “batismo” real, o único mergulho redentor.

O homem-ego vive na ilusão “eu faço vida, saúde e felicidade”, e com esta ignorante arrogância obstrui ele o caminho à verdade de que ele deve receber da Fonte do Uno a Vida, a Saúde e a Felicidade.

A humanidade de hoje vive ainda na ilusória ego-consciência, julgando-se Fonte, quando é apenas canal.

Quando despertará no homem ego-consciente a cosmo-consciência?

O homem-ego prefere remediar em vez de redimir.

Os remédios são remendos, mas não são redenção.

Remédios podem ser “remendo novo em roupa velha”, mas a roupa velha do ego continua roupa velha, por mais remendada e remediada. Nunca se torna uma “nova creatura em Cristo”, como o Eu, que não é remendado, mas remido.

Remédios podem, quando muito, desobstruir o caminho que o ego obstruiu, mas não podem curar o mal. Somente a alma da natureza pode curar.

Sendo que a natureza é inconscientemente cósmica, pode Deus curar através dela, porque ela é um canal puro e dócil pela qual fluem a Vida, a Saúde e a Felicidade da Fonte Infinita. Mas, se o ego hominal, conscientemente anticósmico, intervier, obstruindo os canais ou turvando a limpidez das suas águas, então não pode a natureza exercer sua atividade curadora.

Vida, Saúde e Felicidade fazem parte integrante da natureza, quer fora quer dentro do homem. Elas existem dentro de cada homem, em estado potencial e implícito; e o homem bem orientado as pode fazer existir em estado atual e explícito, pode levar à eclosão a sua incubação.

Para fazer passar da incubação para a eclosão essas potencialidades latentes, deve o homem conscientizar a presença da Realidade, que é o seu Eu divino, o seu grande Uno. E a primeira condição para o despertamento desse Eu divino é não identificar-se com o seu ego humano, ilusoriamente tido como Eu divino. Essa conscientização do seu Eu verdadeiro – que é Vida, Saúde e Felicidade – o libertará do seu ego ilusório, que é a causa de todos os males do homem.

Na razão direta em que o homem se desegoficar (des-iludir) e se cosmificar (veracificar), participará o seu ego humano da Vida, Saúde e Felicidade do seu Eu divino.

A Realidade do eterno Uno divino permeará todas as Facticidades do efêmero ego humano.

A soberania da sua substância divina será proclamada sobre todas as tiranias das circunstâncias humanas.

E nascerá o homem cósmico.

“Eu já venci o mundo.”

FONTE: COSMOTERAPIA - A CURA DOS MALES HUMANOS PELA CONSCIÊNCIA CÓSMICA, de Huberto Rohden.

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Huberto Rohden (São Ludgero-SC, 1893 - São Paulo-SP, 1981). Foi um filósofo, educador e teólogo catarinense, radicado em São Paulo. Escreveu mais de 100 obras (ao final da vida, condensadas em 65 livros), onde franqueou leitura ecumênica de temáticas espirituais e abordagem espiritualista de questões pertinentes à pedagogia, ciência e filosofia, enfatizando o autoconhecimento, auto-educação e a auto-realização. Propositor da filosofia univérsica, por meio da qual defendia a harmonia cósmica e a cosmocracia: autogoverno pelas leis éticas universais, conexão do ser humano com a consciência cósmica e florescimento da essência divina do indivíduo.
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