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Conspirações e a transição planetária

Por L.C. Dias

“O quadro do mundo que é apresentado às pessoas não tem a mínima relação com a realidade, já que a verdade sobre cada assunto fica enterrada sob montanhas de mentiras”.
Noam Chomsky

“O tempo das verdades plurais acabou. Vivemos no tempo da mentira universal. Nunca se mentiu tanto. Vivemos na mentira, todos os dias.“
José Saramago 

"Nós fomos alimentados com mentiras por milhares de anos, condicionados e programados com crenças sobre história, religião, ciência e a própria humanidade (incluindo nossas origens), que muitos de nós não questionam. Nós fomos condicionados a aceitar sistemas sociais e políticos de "ordem" e "controle" que concordamos de bom grado sem hesitação, hipnotizados e controlados mentalmente como se fossemos vítimas da instauração global de uma Síndrome de Estocolmo." 
***
"Antes de poder realmente 'curar' ou 'transformar' o mundo, por nós mesmos, ou mesmo apenas ajudar os outros em suas vidas cotidianas, precisamos olhar profundamente dentro de nós mesmos e enfrentar nossos próprios condicionamentos sociais/culturais (assim como os religiosos/científicos) e assim despojar-nos das crenças da "cultura oficial" que foram enraizadas em muitos de nós desde o nascimento. Este processo requer disciplina interna e externa, auto-trabalho sincero e estudo externo. Esse processo pode gerar muita reatividade desagradável, especialmente quando percebemos que a verdade é muitas vezes mais estranha do que a ficção e o oposto direto do que nos foi dito e ensinado."
Bernhard Guenther 

"Conspiração, neste sentido chave, é um modo de vida em todo o mundo. Dentro dos aparelhos militares e de inteligência do mundo, essa tendência é ampliada de forma extrema. Qualquer pessoa que tenha vivido em uma sociedade repressiva sabe que a manipulação oficial da verdade ocorre diariamente. Mas as sociedades têm seus muitos e seus poucos. Em todos os tempos e em todos os lugares, são os poucos que governam e os poucos que exercem influência dominante sobre o que podemos chamar de cultura oficial. Todas as elites se preocupam em manipular a informação pública para manter as estruturas de poder existentes. É um jogo antigo." 
Richard Dolan

“Nem todas as verdades são para todos os ouvidos.”
Umberto Eco

Seria inconcebível falar de crenças sem tratar das teorias conspiratórias. Sem negar a importância das abordagens ditas "oficiais" - psicológicas e sociológicas - como vias parciais para a explicação deste complexo fenômeno cultural, é necessário ir além do habitual em direção a uma visão alternativa e mais abrangente que não esteja maculada pelo conformismo cego ou pelas justificativas alentadoras voltadas, deliberadamente, para amenizar os temores das mentes fugazes que evitam questionar o estabelecido ou enfrentar o inusitado.

Aliás, acredito que a motivação maior dos teóricos da conspiração sempre foi desafiar os fundamentos  das crenças arraigadas na mentalidade coletiva, buscando verificar se existem interesses escusos que possam estar velados nas ideias propagadas de forma massificada através da mídia, com o objetivo exclusivo de beneficiar uma minoria privilegiada detentora do poder. 

A magia das conspirações está na sua capacidade de ocultamento, de eclipsar os mecanismos utilizados para inocular o vírus ideológico da manipulação mental na coletividade humana. 

Neste caso, fazem uso dos saberes das ciências psicológicas e sociológicas, não somente para desacreditar as teorias da conspiração frente ao popular, relegando-as aos subterrâneos da contracultura como algo excêntrico, fantástico, ficcional ou até paranoico, mas sim, para desenvolver práticas de engenharia social cujo o objetivo é a manipulação da opinião pública. 

No entanto, muitas vezes, temos que reconhecer que as ideias conspiratórias não estão atreladas à realidade de supostos conspiradores, mas são o resultado de uma necessidade humana básica de encontrar bodes expiatórios, ou seja, responsabilizar os outros pelos problemas que criamos e não somos capazes de solucionar, um mecanismo de projeção da nossa sombra pessoal e coletiva. 

Da mesma forma, não podemos negar que, diariamente, na nossa vida pessoal, seja conscientemente ou não, nas relações familiares, profissionais ou sociais, a maioria de nós pode cair na tentação de manipular pessoas para que atendam aos nossos interesses particulares, conspirando em causa própria, ou seja, o ser humano parece estar munido de uma natureza egótica conspiradora. 

Outro ponto a considerar é que muitas das teorias conspiratórias são, evidentemente, absurdas e podem ser descartadas prontamente sem muito esforço, pois, foram ingenuamente adotadas sem reflexão, podendo entrar facilmente no rol das explicações psicológicas e sociológicas padronizadas, quando não somente fruto de pura inépcia ou ignorância sobre os temas envolvidos na trama. 

Isto não significa que a temática conspiratória não mereça a nossa justa atenção como recurso válido para uma investigação mais ampla, aberta e não dogmática das grandes questões da existência que ainda permanecem sem explicação e vêm atormentando a humanidade por eras. 

Neste sentido, fazendo uma breve incursão no campo da mitologia, poderíamos dizer que existe a recorrência de uma determinada temática conspiratória nos mitos cosmogônicos das mais diversas culturas. Nessas narrativas míticas, onde viceja a eterna batalha entre o bem e o mal, é revelada a existência de um poder oculto que estaria presente nos bastidores da vida e seria o responsável pela manipulação sutil de pessoas, nações e impérios, unicamente para atender aos seus interesses megalomaníacos. 

Na tradição judaico-cristã, são conhecidos como os anjos caídos, divindades portadoras de portentosos egos desvirtuados que ainda não despertaram para as verdades superiores da vida e que, muitas vezes, atribuíram a si mesmos a denominação de deuses, impondo esta ideologia ególatra para multidões de servidores passivos. Estariam por toda a eternidade a conspirar contra a humanidade, transformando-a em uma turba de alienados, sem vontade própria, escravos da ignorância e cativos da ilusão, perpetuando esta situação dantesca com a conivente participação de agentes humanos igualmente obcecados pelo poder.

Portanto, poderíamos especular que esses mitos de natureza maniqueísta seriam a matriz inconsciente das diversas teorias da conspiração, segundo uma justificativa psicológica de orientação proeminentemente junguiana. Entretanto, não seria este o viés que estou adotando como proposta especulativa para a questão. 

Esclareço que o termo mito não está sendo usado como estória fantasiosa, ficção ou mentira, mas no sentido dado por Eliade, como tradição sagrada e revelação primordial. Seriam meta-teorias conspiratórias de amplidão cósmica, resultado das vivências místicas de videntes e sábios das diversas culturas do passado, os primeiros teóricos da conspiração, que precisaram verter estas experiências sutis através da narrativa simbólica, figurativa e poética dos mitos, em virtude das limitações inerentes à linguagem habitual como recurso para a descrição do metafísico. 

Atualmente, este enredo mítico foi reelaborado para o cinema, por exemplo, na trilogia Matrix e na saga Guerra nas Estrelas. Mas também encontramos vestígios marcantes deste novo chamado para a renovação do mítico em nossa cultura laica nos escritos esotéricos de Blavatsky e Rudolf Steiner; nos estudos do fenômeno UFO realizados pelo cientista francês Jacques Vallée; na revitalização do mito gnóstico sofiânico feita por John Lash no seu portal virtual Metahistory.org; na psicografia do médium brasileiro Robson Pinheiro e suas revelações perturbadoras sobre os reinos das sombras; nos livros de Zecharia Sitchin sobre a mitologia suméria e os anunnakis ou nas múltiplas e heterogênicas canalizações galácticas da nova era. 

Por mais que desejemos superar a noção dualista herdada pela tradição judaico-cristã em relação a personificação de um suposto mal metafísico, buscando substituir anjos caídos por ETs maléficos, o sentido final da narrativa mítica continua sempre o mesmo, uma busca por justificativa para a nossa imperfeita e sofrida condição humana, a intuição profunda que algo deu errado, que a realidade em que vivemos foi desvirtuada por um poder que insiste em desafiar a ordem, a sabedoria e a benevolência que deveriam governar, soberanamente, em todos os recantos do universo. Possivelmente, a incômoda constatação de uma impossível teodiceia. 

Se esta busca por justificativa é uma projeção de caráter psicológico ou uma intuição real, é uma questão ainda em aberto, cuja a resolução pode ou não passar pelas teorias da conspiração. 

Certamente, muitos dirão que tudo isso não passa, no mínimo, de passatempo para excêntricos, desocupados e paranoicos, estórias da "carochinha" para aqueles que inconscientemente não querem enfrentar os grandes dilemas que a vida real nos impõe. Talvez os céticos tenham razão. Mas talvez a razão solitária não seja suficiente para enfrentar o excêntrico, o fantástico e até mesmo o paranoico, que perpassa de forma oculta e inconsútil os alicerces da realidade em que vivemos, ou melhor dizendo, na qual estamos aprisionados, como diriam as mentes de matiz conspiratória. 

Mas acredito que onde há fumaça sempre existirá fogo, não sei se uma chispa ou um incêndio, portanto, se estivermos dispostos a nos abrir a outras possibilidades, com maturidade e discernimento, sem abandonar o bom senso e a razão, é possível que um novo entendimento seja conquistado, e o preconceito que conspira contra a imparcialidade, seja substituído pela investigação sincera e imparcial, e assim, estaremos municiados com ferramentas mais adequadas para separar o joio do trigo neste vasto campo das conspirações. 

Vale lembrar desta importante reflexão feita pelo notório teórico da conspiração Armindo Augusto de Abreu, já falecido: 
Nascido em língua alemã, no século XVII, Gottfried Leibnitz demonstrou que tudo aquilo que existe, existe como consequência de alguma causa, não por leviandade. Bem antes disso, lá pelo século V a.C., nascido em Estagira, Aristóteles não demonstrou, mas sustentou que tudo que existe, existe dotado de alguma finalidade. Assim, por artes de Aristóteles e Leibnitz, estabeleceu-se que os acidentes de cada uma de nossas vidas não são acidentes coisa nenhuma: acontecem por alguma razão e visando objetivo preciso. De onde se segue que se inventou o conceito de paranoia para iludir pios, convencendo-os de que os males que porventura os assaltem devem ser creditados à má fortuna. Deslavada mentira. Tudo, rigorosamente tudo que interfere em nossas existências deve-se à iniciativa de alguém tendo em vista resultados muito claros. Na maioria das vezes, tais resultados são escusos. Fique tranquilo, faz todo sentido viver assustado.
Não iria tão longe privilegiando um enfoque escatológico ou demasiado alarmista para as teorias conspirativas, pois aí correríamos o risco de o antídoto ser mais nocivo que o próprio veneno, como foi enfatizado por Umberto Eco ao citar Chomsky: 
Talvez o maior beneficiário de uma teoria louca da conspiração seja a mesma pessoa ou instituição que a teoria supostamente tenta atacar em primeiro lugar.
Concluindo, mesmo considerando as teorias da conspiração como uma das abordagens válidas para explicar o mosaico de prováveis causas para o atual estado de emergência espiritual planetária, afirmo que não tenho uma visão pessimista da vida. Vejo que estamos passando por um período crítico de transição planetária, uma etapa necessária para o nosso despertar coletivo rumo a um novo patamar consciencial. Uma iniciação coletiva da humanidade da puberdade para maioridade cósmica, onde devemos assumir a responsabilidade por nossas ações coletivas e crescimento pessoal frente a uma realidade universal que a tudo abarca incondicionalmente de forma amorosa e sábia.

Se as teorias da conspiração apontam para uma verdade velada, se realmente existe um poder oculto que manipula e escraviza a humanidade, este poder conspira a nosso favor, pois está acelerando o nosso despertar para a percepção de uma realidade maior, o nosso próximo salto evolutivo. Portanto, ratifico a minha fé na vida, a certeza intuída no coração que a Vida sempre conspira para a harmonia e plenitude de todos os seres, que existe uma Realidade Suprema que é a fonte inesgotável do Bem, do Verdadeiro e do Belo.

Revisado em 21.09.2018

L.C. Dias

Para aprofundamento:

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