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Muito além das crenças: A revolução silenciosa proposta por Krishnamurti

Por L.C. Dias

"Acho que é bem evidente a necessidade de uma transformação fundamental na sociedade, e essa transformação só pode começar com uma revolução radical, dentro de cada um de nós; (…) O que somos, é o que a sociedade é. Os problemas do mundo não estão separados dos nossos problemas (…) Fomos nós que os “projetamos” e, por conseguinte, somos nós mesmos os responsáveis por eles; e a revolução fundamental das circunstâncias externas (…) só pode ser efetuada depois de uma radical revolução em nós mesmos."
***
"O que importa, pois, não é o que credes ou o que descredes, mas, sim, o compreender o processo integral, o conteúdo total de vós mesmos; (…). Quando a mente está de todo tranquila, quieta, sem senso de aceitação ou rejeição, (…) acumulação, quando existe esse estado de tranqüilidade, no qual o experimentador não existe – só então sentimos aquilo a que podemos chamar Deus (…) e há, nesse momento, um estado de criação, que não é expressão do eu."
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"Só uma mente livre pode conhecer o que é – essa coisa indescritível, que não pode ser expressa em palavras. (…) Descrevê-la significa cultivo da memória; significa verbalizá-la, situá-la no tempo; e o que é do tempo nunca pode ser o atemporal." 
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"Os economistas e os revolucionários querem alterar o ambiente sem alterar o indivíduo; mas a simples alteração do ambiente, sem a compreensão de nós mesmos, não tem significação alguma. (…) Para se realizar uma transformação revolucionária na estrutura da sociedade, deve cada indivíduo compreender-se a si mesmo como um “processo total”, e não como uma entidade separada, isolada." 
***
"O abandono da personalidade, do eu, não se dá por ato de vontade; a travessia para a outra margem não é uma atividade dirigida para um fim ou ganho. A Realidade apresenta-se na plenitude do silêncio e da sabedoria. Não podeis chamar a Realidade, ela deverá vir por si mesma; não podeis escolher a Realidade, ela é que deverá escolher-vos."
Jiddu Krishnamurti 

Certamente, Jiddu Krishnamurti foi um dos mais influentes instrutores espirituais da modernidade tardia. Faleceu em 1986, com 90 anos, mas seus ensinamentos continuam vivos e atuais, com a mesma força contestadora e libertadora que atraiu, durante a segunda metade do século passado, e ainda no presente, um séquito fiel de admiradores. 

Portanto, um blog que busca ir além das crenças, não poderia deixar de abordar a vida e obra daquele que provavelmente foi, na contemporaneidade, o mais radical e obstinado opositor a qualquer forma de apego às crenças ou dependência a uma autoridade externa. 

Seus ensinamentos não estão ligados a qualquer tradição de sabedoria em particular. Talvez, suas instruções estejam mais próximas de uma atitude transmental de desapego e plena atenção do que propriamente de um ensinamento ou sistema de pensamento.

Para compreender o "tom" notoriamente singular do seu discurso metanoico, é preciso conhecer um pouco mais da sua extraordinário e incomum biografia. 

Reconhecido de forma clarividente por um polêmico membro da Sociedade Teosófica (ST), o Sr. Charles W. Leadbeater, como um ser excepcional e iluminado, foi "adotado" pela ST ainda criança e retirado de sua paupérrima condição material na Índia para ser educado segundo os padrões ocidentais, em Londres. 

Desde de jovem foi preparado por um grupo de teosofistas para servir como "veículo" do Instrutor do Mundo, conhecido nos meios teosóficos como Senhor Maitreya, uma entidade espiritual avançada que periodicamente aparece na Terra como um mestre para guiar a evolução da humanidade. Para compreender o significado esotérico deste excêntrico e controvertido assunto, seria necessário se aprofundar na história e doutrina da ST. 

Mas o fundamental para a nossa exposição é que Krishnamurti não aceitou o papel de "Messias", como pretendido por um segmento da ST. Na verdade, o caso Krishnamurti causou uma profunda cisão na ST da época, com a consequente evasão de uma parcela de seus membros, como por exemplo, Rudolf Steiner, que posteriormente fundou a Sociedade Antroposófica. 

Então, com 34 anos, Krishnamurti decidiu corajosamente romper definitivamente com a ST e com a sua delirante proposta messiânica. Se transformou no testemunho vivo do poder devastador de crenças corrompidas pelas ilusões egoicas e do perigo das manipulações ideológicas. 

No seu discurso final de dissolução da Ordem da Estrela do Oriente, instituição criada pela ST para apoiar a sua suposta missão salvacionista mundial, declarou ser a verdade “uma terra sem caminhos”, à qual nenhuma religião formalizada, filosofia ou seita daria acesso.

A partir deste marco existencial, iniciou um caminho próprio de divulgação daquilo que vivenciava como a verdade que liberta, independente de qualquer autoridade escritural, sacerdotal ou institucional. 

Muito criticado no meio espiritualista por sua postura radical em relação ao valor circunstancial das crenças ou de um suposto caminho direto para a iluminação, o certo é que as suas palavras são de inestimável valor para todo o buscador sincero e comprometido com a senda interna. 

Portanto, aconselho sinceramente uma investigação imparcial e crítica da obra de Krishnamurti, que na sua maioria trata-se de transcrições de palestras, entrevistas, debates e diálogos ocorridos nas últimas seis décadas de sua longa vida. 

Para um breve vislumbre de sua radicalidade em relação as crenças esclerosadas, cito o seguinte trecho de uma palestra ministrada por K., como é habitualmente chamado por seus seguidores:
Nós percebemos que a vida é feia, dolorosa, sofrida; queremos algum tipo de teoria, algum tipo de especulação ou satisfação, algum tipo de doutrina, que explicará tudo isto, e assim ficamos presos na explicação, nas palavras, em teorias, e gradualmente, as crenças ficam mais profundamente enraizadas e inabaláveis porque por trás dessas crenças, por trás desses dogmas, existe sempre o medo do desconhecido. Mas nós nunca olhamos para esse medo, nós nos afastamos dele. Quanto mais fortes as crenças, mais fortes os dogmas. E quando examinamos estas crenças, a cristã, a hindu, a budista, descobrimos que elas dividem as pessoas. Cada dogma, cada crença tem uma série de rituais, uma série de compulsões que ligam o homem e separam o homem. Assim, nós começamos com uma investigação para descobrir o que é verdade, qual é a significação desta miséria, desta luta, desta dor e somos logo pegos em crenças, rituais, teorias.
E mais: 
Crença é corrupção porque, por trás da crença e da moralidade espreita a mente, o ego ficando grande, poderoso e forte. Consideramos a crença em Deus, a crença em alguma coisa, como religião. Consideramos que crer é ser religioso. Compreende? Se você não crê, será considerado ateu, será condenado pela sociedade. Uma sociedade condenará aqueles que creem em Deus, e outra sociedade condenará os que não creem. São ambos o mesmo. Assim, religião se tornou uma questão de crença e a crença atua e tem uma influência correspondente sobre a mente; a mente então nunca pode ser livre. Mas só em liberdade você pode descobrir o que é verdadeiro, o que é Deus, não através de alguma crença, porque sua própria crença projeta o que você pensa que Deus deva ser, o que você pensa que seja verdadeiro.
Quando busco compreender esta aversão total às crenças por parte de K., não posso deixar de cogitar o quanto a crença messiânica teosófico projetada nele - imposta de forma implacável desde a sua infância por membros da ST encabeçados por Leadbeater e Besant - poderia ter afetado profundamente o seu modo de ser e ver o mundo. Talvez, neste contexto, seja possível justificar esta posição unilateral de Krishnamurti em relação às crenças.

No entanto, em relação as crenças estou mais em sintonia com a perspectiva budista segundo a qual devemos utilizar o barco do dharma (práticas e ensinamentos do Buda) para atravessar o rio caudaloso do samsara, mas, chegando a outra margem, não precisamos mais do barco, portanto, não devemos carregá-lo como um peso morto, mas deixá-lo para trás, para que possa ser usado de forma hábil por outras pessoas que intentam fazer a mesma travessia. 

Concluindo, apesar deste porém, quando avaliamos o legado de sabedoria deixado por K., é impossível não especular sobre o que realmente foi "visto" naquela criança hindu que brincava com o irmão em uma praia do rio Adyar, próximo à sede da ST, na Índia. O teosofista Leadbeater afirmava que foi surpreendido com a “aura mais maravilhosa que já tinha visto, sem uma partícula de egoísmo nela”. Até que ponto poderíamos questionar a plausibilidade desta visão?

Revisado em 21.09.2018

L.C. Dias

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