Por L.C. Dias
“A ficção consiste não
em fazer ver o invisível, mas em fazer ver até que ponto é invisível a
invisibilidade do visível.”
Michel Foucault
“Ninguém é mais
irremediavelmente escravizado do que aqueles
que falsamente acreditam que são
livres.”
Goethe
“É melhor ser infeliz,
porém estar inteirado disso, do que ser feliz e viver sendo feito de idiota.“
Dostoiévski
“Para cada mil homens
dedicados a cortar as folhas do mal, há apenas um atacando as raízes.“
Henry David Thoreau
A globalização da economia é mais um capítulo de um enredo sombrio que busca exterminar a diversidade dos povos e culturas, junto com a grandiosidade da alma humana.
Neste contexto, a solução para a crise atual vai muito além das ideologias políticas de esquerda ou direita, pois, o que está realmente em jogo é a preservação dos valores liberais e humanitários já conquistados - mesmo que de forma rudimentar e localizada - pela humanidade.
Precisamos ir além da dicotomia política entre direita e esquerda e encontrar novas formas de fazer política, ou seja, precisamos conciliar a arte de viver de forma consciente, criativa e livre - espiritualidade - com a arte de viver juntos de forma responsável e cooperativa - política.
Portanto, acredito que o maior desafio dos regimes democráticos da atualidade será conter o avanço avassalador da agenda neoliberal de globalização da economia, cujos efeitos perniciosos estão sendo sentidos, nas últimas décadas, pelo Brasil e demais nações do mundo, não poupando, inclusive, os países chamados desenvolvidos.
Apesar da sua fachada neoliberal, tal agenda não está vinculada a qualquer ideologia política em particular, desde que os interesses do “Mercado” sejam levados a cabo, por opção ou coação, lícita ou ilicitamente. É o desvirtuamento do poder econômico se sobrepondo ao político e, consequentemente, ao social.
Sua meta é a globalização do consumo, usando como estratégia a uniformização dos costumes, levando ao surgimento de um gigantesco rebanho humano de compradores compulsivos. Para a multidão de excluídos, miseráveis e famintos que habitam na periferia do mundo, resta somente morrer à míngua.
Infelizmente, estamos falando de um cenário sombrio de desconstrução das nações, onde as elites transnacionais que detêm o poder econômico estão trabalhando para a implantação de um nefasto império global, ao invés de uma sociedade mundial mais justa e igualitária para todos os povos da Terra.
Portanto, não acredito em salvadores da pátria, sejam eles pertencentes a qualquer orientação ideológica particular, esquerda ou direita; progressista ou conservador; cristão, judeu, muçulmano ou ateu.
Não acredito em mitos fabricados, sejam eles a representação de um suposto bem ou mal circunstancialmente necessário, pois desconfio que são todos projeções das nossas próprias sombras pessoais e coletivas sendo manipuladas por forças ocultas que atuam nos bastidores da vida humana.
Aliás, não acredito em salvadores do mundo. Os avatares de todas as épocas e culturas foram seres iluminados que plantaram as sementes de uma nova humanidade, para um novo nível de mentalidade, entretanto, o trabalho de metanoia pessoal e coletiva sempre coube exclusivamente a nós.
No entanto, acredito sim nos nossos potenciais latentes para uma ação coletiva consciente, fundamentada na cooperação, liberdade e fraternidade, assim como, na responsabilidade universal do indivíduo, na bondade intrínseca ao humano, no reconhecimento que compartilhamos de uma mesma natureza que busca a felicidade e plenitude para todos os seres.
Acredito também que as mudanças que tanto almejamos estão muita além das fronteiras separatistas das ideologias políticas e religiosas que tanto prezamos e defendemos de forma cega e passional, provocando a discórdia e o ódio entre as pessoas - o primeiro passo rumo a violência e motivo para tantos conflitos e guerras.
Aliás, as ideologias são os cordões sutis pelos quais somos manipulados como marionetes em um jogo pernicioso de exploração e submissão, sendo a atual ascensão política da direita e o descenso da esquerda no mundo, somente, mais uma fase deste jogo sinistro do dividir para conquistar, gerando cada vez mais ansiedade, insegurança e aflição.
Portanto, já chegou a hora de despertarmos para o fato insofismável que a maioria das nossas crenças nos levam para a divisão ao invés da união. Precisamos estar atentos para a antiga estratégia manipuladora do “dividir para conquistar”, que no desenrolar da história humana foi habilmente utilizada para escravizar nossas consciências seja através do apego ou da aversão.
Concluindo, precisamos acordar do nosso sono coletivo alienador e romper as amarras cognitivas que nos impedem de perceber a realidade fabricada e escravizadora que nos cerca. Precisamos desmascarar as estratégias de manipulação das massas por parte dos poderes globais e viver de forma mais autêntica e livre. Enfim, precisamos superar a ilusão da separatividade que não permite que vejamos a nossa unidade intrínseca com todas as formas de vida e fazer aflorar o nosso potencial divino para a harmonia, felicidade e prosperidade, seja como coletividade humana, seja como indivíduos.
L.C. Dias
Comentários
Postar um comentário