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A revolução do coração: Ativismo evolucionário para tempos de transição

Por L.C. Dias

"Vamos viver em um futuro de alegria e maravilhas, bem como de destruição e desgosto - como é o nosso momento presente. Ele será moldado por seres humanos - afetados pelo que é pior em nós, mas ainda mais significativamente pelo que há de melhor em nosso caráter coletivo e imaginação. Nossos valores mais altos podem moldar o futuro - mas apenas na medida em que crescermos e mostrarmos o nosso melhor."
***
"Momentos de catástrofe são momentos em que o sistema está se desintegrando e se abrindo. Surpreendentemente, eles podem apresentar oportunidades notáveis ​​para criar uma mudança sistêmica maior."
***
"A natureza e a seriedade sem precedentes de nossa situação nos apresenta não apenas grandes desafios, mas também uma base para a esperança radical." 
***
"Nossa resiliência psicológica, social e espiritual se tornará nosso capital mais essencial. Mais importante, a nossa prosperidade pode depender da nossa capacidade de trabalhar com o nosso medo, encontrar felicidade e paz em meio a tristezas e dificuldades, e recuperar-se criativamente após contratempos traumáticos."
***
"Não importa o que esteja por vir, é tremendamente importante que participemos de maneiras que expressem nosso caráter e valores mais elevados. Podemos escolher agir com base no que é melhor em nós mesmos." 
Terry Patten

"A New Republic of Heart" é o título do novo livro de Terry Patten, lançado em março 2018, nos Estudos Unidos, cujo o subtítulo é o seguinte: "An Ethos for Revolutionaries - A Guide to Inner Work for Holistic Change". Na introdução encontramos a seguinte questão que subjaz a todo o livro:

"O que está realmente acontecendo? Nossos tempos são estranhos e maravilhosos - tão estranhos e tão maravilhosos que superam em muito nossa compreensão! Mesmo quando estamos nos aproximando de avanços revolucionários em ciência, tecnologia, consciência, cooperação e liderança, estamos também nos aproximando de colapsos catastróficos de nossa ecologia planetária, bem como de nossa coesão cultural, ordem econômica e social, e, é claro, nossa política. É selvagem, significativo, inspirador e aterrorizante que tudo isso esteja acontecendo simultaneamente. 

Estamos claramente nos aproximando de um momento de verdade. (...) Nosso sistema nervoso coletivo está saturado de adrenalina, sacudido repetidas vezes por notícias e visões do apocalipse, bem como utopias e distopias tecnológicas. O que está realmente acontecendo? Para onde estamos indo? A civilização humana está realmente se deteriorando? Iremos todos juntos para o fim como nunca antes? O que isso significa para nós pessoalmente? O que podemos fazer? Como podemos ser a mudança que queremos ver no mundo?" (1)

Mas quem é Terry Patten? É um filósofo, escritor, ativista, empreendedor social, professor e consultor. Como filósofo-ativista, ele tem sido uma das principais vozes para enfrentar, diagnosticar e curar a nossa crise global através do casamento de consciência superior e ativismo. 

Em círculos integrais, ou seja, naqueles fortemente influenciados pelo pensamento de Ken Wilber, Patten é amplamente conhecido pelo livro "Integral Life Practice" (2008), que escreveu em parceria com próprio Wilber e outros autores da abordagem integral. 

Em "Uma Nova República do Coração" é analisada a nossa atual crise planetária em toda a sua complexidade e incerteza, explorando as suas implicações na natureza e na busca de uma cidadania global, como também, levando a uma nova compreensão radical da prática interior e seus efeitos para uma ação global. 

Um ponto a ser destacado no livro é que seu arcabouço teórico está solidamente fundamentado no paradigma integral idealizado por Wilber, mas sem utilizar-se do hermético neologismo wilberiano que muitas vezes inviabiliza ou, no mínimo, dificulta a compreensão do pensamento integral por "não iniciados". 

A primeira parte do livro resume nossa situação ecológica cataclísmica, a integridade subjacente ao nosso mundo interconectado, mais além do humano, e as visões evolucionárias e integrais que estabelecem uma base para uma consideração mais integrada de como podemos viver vidas significativas em tempos de crise.

Já a segunda parte explora uma compreensão integral da natureza da prática espiritual individual e coletiva, do propósito, da responsabilidade social e do ativismo evolucionário. Essas explorações apontam o caminho em direção a uma prática integrada que seja pessoal e social e que promova a mudança do sistema como um todo - um processo que é profundo, radical e abrangente. 

Além disso, percebemos o esforço deliberado do autor de suplantar uma visão dualista e pessimista da crise planetária, vendo a era moderna com suas conquistas e devastações como um passo natural e inevitável da evolução humano:

"Boom ou Doom? Duas metanarrativas convincentes e mutuamente conflitantes, cada uma com visões distintas de nossa situação, competindo pela aceitação de observadores inteligentes. A primeira é otimista. É uma narrativa contínua de sobrevivência, adaptação, transcendência e desenvolvimento. Nessa visão, nossos avanços tecnológicos e culturais estão entrando em um período de aceleração exponencial que muda o jogo. Nossas crescentes colisões com as fronteiras planetárias e o desenrolar das conseqüências catastróficas de nossos comportamentos insustentáveis, mas muito reais, finalmente nos deixarão sóbrios e nos forçarão a mudar nossos hábitos coletivos, e teremos uma nova e mais significativa visão para facilitar a transição. 

As circunstâncias nos ensinam sabedoria e nos colocam firmemente de volta em um caminho evolucionário positivo para um maravilhoso futuro irrealizável. Uma versão evolucionista dessa narrativa vê nossa situação global precária como uma transição importante, mas um gargalo temporário em nossa trajetória evolutiva ascendente. Vê um poderoso impulso criativo, nativo em toda a realidade, impulsionando nossa evolução. Esse fator criativo dominante será fundamental para garantir nossa sobrevivência e progresso contínuos em ecologia, ciência, cultura, ética, tecnologia, política, economia e consciência. 

Na versão desta narrativa que me inspira, a humanidade acabará por estabelecer uma metacomunidade, ou metassangha, de "comunidades de prática" expressando nossa mais alta ética e valor. E esta civilização futura acabará por manifestar um novo estágio na evolução da raça humana, uma nova idade adulta para a espécie, talvez até mesmo um superorganismo unificado e transcendente que alguns vêem como o próximo Buda, ou como o verdadeiro significado da segunda vinda de Cristo." (2)

Mas, demonstrando, igualmente, uma sincera disposição para uma análise realista e imparcial desta época de transição, complementa a sua visão otimista com outra possibilidade mais preocupante:

"A segunda metanarrativa igualmente influente é pessimista e socioecológica. Vê um poder mais primitivo e instintivo como a força dominante que impulsiona nosso desenvolvimento e nossa degeneração e, finalmente, determina nosso destino. Esse lado mais sombrio dessa energia evolutiva grosseira ou Eros se manifesta como um impulso insaciável e compulsivo de sobrevivência, dominação, aventura, aquisição, conquista, consumo e controle. 

Nós estivemos nas garras deste poder de Eros por um longo tempo e observamos o que aconteceu. Nós quase esgotamos os recursos da Terra, superamos amplamente sua capacidade de suprimento, e estamos agora à beira de uma era de contração, escassez, degradação ambiental, agitação social e colapso econômico, e esses perigos parecem mais prováveis ​​a cada ano que passa. 

Nessa narrativa, os impulsos desenfreados da humanidade levarão a uma biosfera planetária marcada pelas extinções de espécies em massa e, com o passar do tempo, os cenários que podem levar a um planeta distópico, quase inabitável, e talvez o fim da raça humana. Muitos ecologistas profundos dizem que entramos nos primeiros estágios do colapso da civilização humana. 

Minha vida e trabalho foram alimentados e inspirados pela metanarrativa evolutiva otimista. Mas fui informado, marcado e abalado pelo meu estudo intensivo da ciência e do jornalismo que apoiam a metanarrativa pessimista, que, de maneira mais realista, vem sendo ratificada pelas últimas notícias. A história e a evolução da humanidade, e até mesmo de cada vida individual, revela uma luta entre as forças e efeitos do Eros evolucionário-criativo e do Eros do poder instintivo." (3)

No entanto, apesar do espírito evolunionista do autor, com sua proposta de uma revolução interna, na consciência, com os seus inevitáveis reflexos externos, na sociedade, não dissimula a gravidade do momento atual planetário quando faz a seguinte declaração, quase de forma confissional:

"Eu não teria sido fiel a mim mesmo se tivesse me recusado a considerar as possibilidades mais obscuras para um momento de transição, assim como, um tipo diferente de esperança, que também gravita, por outro lado, como desespero. 

Mesmo que as catástrofes globais e a extinção planetária sejam nosso destino inescapável, a maneira como nossas almas respondem, transformam e revelam nosso caráter são assuntos de extrema importância. E além disso, todo dia é um presente. 

Não importa o que esteja por vir, é tremendamente importante que participemos de maneiras que expressem nosso caráter e valores mais elevados. Podemos escolher agir com base no que é melhor em nós mesmos. 

E podemos nos preocupar uns com os outros, mesmo nos piores cenários. De qualquer forma, devemos acordar juntos para a responsabilidade do momento atual, em vez de permanecermos no sonambulismo do apocalipse." (4)

Sinto uma profunda afinidade com os princípios que norteiam este livro único e inspirador. Talvez porque estejam em sintonia com os ideais que motivaram a criação deste blog. 

Escrito com a lucidez e maturidade necessárias para contextualizar esta fase de transformações profundas que estamos atravessando, poderia até afirmar que trata-se de um manual de sobrevivência para tempos de crise, pois nos oferece um ferramental prático para enfrentarmos um período prolongado de transição planetária. Um guia indispensável para aqueles que já despertaram para a gravidade do momento atual e querem agir de forma consciente e engajada. 

Portanto, não é obra de caráter especulativo, mas sim, uma proposta prática de um genuíno ethos para ativistas espirituais e revolucionários da paz que buscam instaurar, neste mundo dominado pelo poder destruidor de egos imaturos e insanos, as sementes de uma nova república do coração. 

Para finalizar, cito o seguinte trecho de uma postagem anterior do blog, publicada meses antes do lançamento do livro, que se harmoniza com muitas das ideias expostas pelo autor:

"Não acredito em "fim do mundo", acredito sim em fim dos tempos, de uma era. Tudo na natureza tem o seu nascimento, crescimento, apogeu, decrepitude e morte. Não temos como fugir da causalidade e impermanência. Como o homem, as civilizações, os planetas, as galaxias e o próprio cosmos seguem inexoravelmente este princípio universal. Isto não significa o fim, mas sempre, de forma cíclica, um novo recomeço, para um novo desafio, para uma nova onda de criatividade e aprendizado. 

As crises tem o propósito de despertar e, neste ponto, uma crise planetária não difere, em princípio, de uma crise pessoal. O que precisamos apender, coletivamente, com este momento de emergência espiritual planetária? O sofrimento advindo da mudança é inevitável? Poderíamos mitigar o sofrimento das coletividades humanas e demais formas de vida neste momento crítico de transição planetária? Quais alternativas ainda estão abertas nesta rodada final do jogo da transição? " (5)

A seguir, um artigo de Terry Patten que aborda muitos dos temas tratados de forma mais ampla e detalhada no livro. 

Notas:

(2) Ibidem 
(3) Ibidem 
(4) Ibidem 

L.C. Dias

Apenas o ativismo ambiental radical pode trazer mudanças em todo o sistema

Por Terry Patten - 23 de maio de 2018

Adaptado de Uma Nova República do Coração; Um ethos para revolucionários. 

Um futuro saudável para a humanidade requer um planeta saudável. E nossa economia de crescimento baseada na constante expansão material tornou-se incompatível com a saúde de nosso planeta finito. Mas a transição para além de uma economia industrial dependente do crescimento exigirá uma transformação multidimensional, não apenas mudanças políticas e econômicas externas, mas também mudanças culturais e psicológicas radicais.

Isso significa que, para reestruturar radicalmente o sistema, teremos que nos reestruturar simultaneamente. Isso é uma transformação completa do sistema - exigindo uma humanidade mais saudável, mais criativa, mais compassiva e engajada do que jamais vimos até agora. Ambos juntos - nossa Terra e sua biosfera e nossas próprias vidas interiores e escolhas de vida, individualmente e em comunidade - constituem nosso sistema de suporte à vida. E em todos os níveis estamos posicionados em um ponto de inflexão.

Quanto mais aprendo, mais me vejo movendo-me em duas direções simultaneamente. Por um lado, sofri cada vez mais profundamente pelo estado de piora da biosfera planetária. Por outro lado, quanto mais radicalmente eu me submeter ao reconhecimento arrepiante de nossa situação real, mais me abro para aceitação radical da aventura de fazer o que pudermos em nome de nossa saúde pessoal, interpessoal e global futura, mesmo em meio a uma grande incerteza.

Devemos fazer o nosso melhor para antecipar as condições futuras. Mas, claramente, nossa capacidade de prever o futuro tem limites severos. Isso exige formas de ativismo enraizadas em algo muito mais profundo do que a previsão e a estratégia. A natureza do problema exige um tipo de pensamento que, na maioria das vezes, ainda não sabemos como fazer. Como Einstein disse: "Não podemos resolver nossos problemas mais prementes com o mesmo tipo de pensamento que os criou".

Estamos sendo chamados a dar um salto transformador a todo um novo paradigma não apenas do pensamento, mas do ser humano - uma nova consciência e um estágio totalmente novo na trajetória evolucionária de nossa espécie.

Inquérito Radical

Ninguém pode dizer com certeza como a nossa crise civilizacional vai se desenrolar. Não sabemos quanto sofrimento e destruição - de humanos e não humanos - podem estar à frente, ou onde, ou exatamente como, ou quão cedo. Mas sabemos, com crescente certeza, que as ações dos seres humanos criaram esta situação existencial; e também sabemos que as ações dos seres humanos - para o bem ou para o mal - determinarão o futuro de nossos bisnetos e da maioria dos outros seres vivos. As apostas dificilmente poderiam ser mais altas. Não podemos esperar para “ver o que acontece” antes de agirmos com consciência. Em vez disso, somos obrigados, no momento, a fazer o que pudermos para ajudar a prevenir ou mitigar os cenários horríveis que podemos ter desencadeado. O que poderia ser um imperativo moral maior?

Somente os seres humanos podem proteger e defender o futuro da vida na Terra dos próprios seres humanos. Será necessário que os indivíduos conscientes façam escolhas deliberadas com base nas melhores informações disponíveis - pessoas que assumam a responsabilidade de fazer a diferença. Nada poderia ser mais honroso e valioso.

Transformações profundas em larga escala em todos os níveis - físico, comportamental, tecnológico, científico, econômico, político, social, cultural e pessoal - estão implícitas aqui. Estamos falando de uma profunda “mudança total do sistema”. Isso pode acontecer? As massas críticas de pessoas que se levantaram como uma unidade fizeram diferenças positivas (bem como negativas) muitas vezes ao longo da história. Mas, neste caso, é preciso mais do que simplesmente ganhar algumas vitórias políticas e tecnológicas; também exigirá saltos quânticos na maturidade humana e visão espiritual. Será necessária uma nova estrutura de consciência para catalisar muitos outros avanços culturais e sociais, e um novo tipo de política em que a sabedoria possa orientar cada vez mais os assuntos humanos.

Uma das bases para essa inovação na consciência, como também, para as relações comunitárias que a expressariam e incorporariam, seria a honestidade radical e o acordo básico e compartilhado sobre pelo menos certos aspectos da realidade. Precisamos penetrar ou limpar tudo o que encobre e distorce nossas portas pessoais e culturais de percepção, a fim de alcançar uma visão tão clara.

Nenhuma das grandes questões do nosso tempo pode ser efetivamente resolvida sem abordar de forma significativa nossa emergência climática e a situação ecológica mais ampla. Mas essas questões estão interligadas com toda a estrutura de nossas vidas, de nossas sociedades e da civilização humana. Elas desafiam todo o nosso modo de vida.

E não podemos aceitar totalmente esse desafio até começarmos a entender e a mudar as circunstâncias - externas e internas a nós - que mantiveram esse imperativo urgente fora de nosso radar. A mudança completa dos sistemas é necessária e, em um sentido real, deve começar dentro de nós mesmos.

Mas como começar? Nada poderia ser mais confuso! Enfrentar as questões impossíveis que a nossa situação nos pede é como confrontar um koan multidimensional, um enigma zen impossível que não tem resposta direta que a mente possa conceber e entender, mas que, não obstante, deve ser respondida.

Classicamente, um koan é ponderado por minutos, horas, dias, anos ou até uma vida inteira. Eventualmente, confunde a mente convencional, despertando a percepção e transformando todo o seu modo de ser. A questão transforma o questionador, despertando pelo menos um vislumbre da consciência superior. O praticante permanece presente ao koan “vivendo as questões” e “amando as perguntas” ao longo do tempo, até que elas revelem suas respostas (e depois questões ainda mais profundas), como Rilke escreveu para seu jovem poeta amigo Franz Kappus.

Entre os koans clássicos mais famosos estão “Qual é o som de uma mão batendo palmas?” E “Mostre-me seu rosto original, aquele que você tinha antes de seus pais nascerem!”

Dogen, o fundador do zen-budismo e da prática do koan no Japão, escreveu Genjo Koan , uma monografia na qual ele apontou a inseparabilidade da vida e da prática, e pediu o reconhecimento dos koans que nos foram dados pela própria vida. Ele poderia ter chamado nossa crise mundial de o grande Genjo Koan de nosso tempo, o genjo Koan existencial da trajetória evolutiva de toda a humanidade.

Nossa missão, se decidirmos aceitá-la, é enfrentar essas questões impossíveis, esse Genjo Koan. Se nos deparamos com as questões do nosso tempo; se reconhecermos que elas realmente não podem ser evitados; e se reconhecermos quão importantes, reais e existenciais elas são, teremos aceitado nossa missão.

Se não nos entorpecermos e nos distrairmos, essas questões profundas inevitavelmente nos afetarão. Enfrentá-las irá aprofundar, despertar e transformar nossa consciência, todo o nosso modo de ser e nosso comportamento.

Uma vez que este desafio seja aceito, o verdadeiro trabalho começa - e esse trabalho acontece tanto dentro quanto fora de nós. Requer saltos quânticos na consciência, na comunidade e na dedicação, assim como na inovação tecnológica e social. Requer nova criatividade nos níveis do indivíduo, da comunidade local, da comunidade virtual, instituições, corporações, cidades e nações. Isso requer que desenvolvamos e expressemos potencial criativo que foi virtualmente inexplorado - ou, com muita frequência, sabotado - até agora. Envolve, de inúmeras maneiras, a necessidade de traduzir ideias abstratas em termos concretos e descobrir quais mandatos tais conhecimentos criam. E - começando no nível de cada indivíduo - envolve fazer um balanço de onde estamos e quem nós somos no final das contas.

Nunca é tarde demais

Traçando nossa história evolutiva, podemos inferir que a vida quer viver, prosperar. A evolução quer continuar evoluindo. Gaia é poderosamente resiliente. Nossos esforços para responder, mesmo parecendo muito poucos e tardios, criarão mudanças em toda a biosfera de maneiras que também não podemos conhecer.

Do lado negativo, esses esforços podem iniciar rupturas, até mesmo o que chamamos de “cataclismos” - mas também desencadearão a resiliência auto-reguladora do sistema planetário vivo. Não estamos separados da intencionalidade que naturalmente surgirá sob essas condições sistêmicas.

Tempos de catástrofe são momentos em que o sistema está se quebrando e se abrindo. Surpreendentemente, eles podem apresentar oportunidades notáveis ​​para criar uma mudança sistêmica maior.

A maioria de nós tende a pensar em mudanças de maneiras muito limitadas. Quando pensamos em mudança, tendemos a pensar apenas nos projetos que podemos imaginar que os seres humanos realizam ativamente. Esperamos que isso evite a catástrofe. E, no entanto, a mudança transformadora geralmente ocorre em meio à ruptura, depois que uma crise cria uma janela de oportunidade. Talvez sejam os "cisnes negros", os imprevisíveis causadores de mudanças - como outro colapso financeiro - que abrirão a oportunidade para algo radicalmente novo.

Considere o desastre nuclear de Fukushima em 2011. Em 11 de março daquele ano, um mega-terremoto (medindo 9,0 na escala de magnitude do momento) desencadeou um tsunami de 15 pés na ilha de Honshu, a principal ilha do Japão. Cerca de 19.000 pessoas morreram. Então a usina nuclear de Fukushima Daiichi perdeu seus geradores, e em três dias vários dos núcleos radioativos se fundiram. O mundo assistiu como um dos maiores desastres nucleares de todos os tempos desdobrados em câmera lenta, e todos pareciam incapazes de pará-lo.

Enquanto isso, na Europa, um grupo de defensores suíços da sustentabilidade entrou em ação. Anteciparam outro desastre do tipo Chernobyl e se prepararam para isso. Ao longo dos anos que levaram a Fukushima, eles construíram relações de respeito e influência com as pessoas nos níveis mais altos da política suíça. Eles também haviam quantificado o custo dos prêmios para uma seguradora privada para garantir a indústria nuclear da Suíça contra a responsabilidade pública. (Como os EUA e a maioria dos países com armas nucleares, a Suíça aprovou leis que indenizam os proprietários e operadores de usinas nucleares de responsabilidade pública) .

Suas pesquisas quantificaram e documentaram cuidadosamente o tamanho desse enorme subsídio público. Além disso, eles haviam feito o trabalho de computar os custos (mais baixos) de subsidiar outras tecnologias de energia limpa em detrimento da energia nuclear. Assim, quando o acidente de Fukushima aconteceu, eles estavam prontos. E então eles procuraram os tomadores de decisão e os forneceram o material que construíram com um argumento cuidadosamente fundamentado para decisões políticas dramáticas. Tudo isso aconteceu enquanto a inércia do status quo foi interrompida e uma janela de oportunidade para uma reforma mais fundamental foi aberta.

Dois meses depois, a Alemanha tomou a mesma decisão e por razões semelhantes. Em maio de 2017, a Alemanha bateu um recorde mundial de todos os tempos para uma nação do seu tamanho, usando 85% de energia renovável.

A chave é liberar nosso pensamento e nosso ativismo sem desencadear nossa paranóia. Podemos nos preparar bem, para aproveitar as janelas de oportunidade que os desastres trarão para iniciar o redesenho de sistemas mais fundamentais. E isso pode e absolutamente deve ser feito em conjunto com os tipos preventivos de ativismo. Vamos minimizar a destruição, a regressão e o sofrimento humano e não humano. Vamos preservar nosso planeta mãe e nossas criaturas irmãos / irmãs. E vamos expandir nosso pensamento e ação criativa.

Precisamos fazer o que podemos, onde nos encontramos, mesmo quando os desastres estão a caminho. A dinâmica de sistemas hiper-complexos e interconectados, liga a atividade humana ao nosso ecossistema planetário diversificado e vivo. Nós não podemos realisticamente "descobrir" com todos os detalhes o que acontecerá. E, no entanto, precisamos de uma visão de como podemos avançar, apesar do atual impasse político e cultural. Contra essa resistência, devemos iniciar uma discussão, no nível da política e da mídia, sobre o que deveria ser uma das questões políticas mais significativas do nosso tempo: como criar caminhos para a sustentabilidade com o mínimo de rupturas catastróficas. Podemos chamar isso de "aterrissagem suave". Podemos nos concentrar em otimizar a passagem da cultura humana global por meio de uma transição adaptativa de época. Como nossos padrões e hábitos sociais atuais estão superaquecidos e insustentáveis, o objetivo é fazer a transição o mais rápido possível para modos de vida mais sustentáveis, minimizando as interrupções traumáticas. É especialmente importante não desencadear a regressão cultural (“eras das trevas” ou distopias, em qualquer escala).

Preparação é tudo. Realisticamente, observadores mais bem informados acreditam que grandes rupturas provavelmente são inevitáveis ​​- enormes choques, desastres e crises parecem não apenas prováveis, mas talvez até necessários para catalisar a vontade política de mudar nossas escolhas e comportamentos coletivos. 

Existe uma aceitação tácita que essas crises vão atrapalhar nosso atual impasse. Na verdade, elas podem “descolar” nossa estagnação. Cada uma apresentará janelas de oportunidade para redesenhar os sistemas mais fundamentais. Podemos nos antecipar e nos preparar para elas. Esse é um aspecto extremamente importante do ativismo evolucionário. 

Nós precisamos um do outro

Acredito que a única maneira pela qual podemos chegar a um acordo com as muitas dimensões de nossa crise ecológica - e com toda a nossa resistência embutida em reconhecer e agir sobre ela - é criar comunidades conscientes, efetivas e conectadas, e agir em conjunto. E isso é sábio em qualquer caso, independentemente do nosso futuro. Nossa melhor segurança será nossas famílias, nossas amizades, nossas comunidades, nossa capacidade de sermos auto-responsáveis, engenhosos e resilientes - e essas conexões são também a forma como revitalizamos o tecido social, em um novo nível.

Nossa resiliência psicológica, social e espiritual se tornará nosso capital mais essencial. Mais importante, a nossa prosperidade pode depender da nossa capacidade de trabalhar com o nosso medo, encontrar felicidade e paz em meio a tristezas e dificuldades, e recuperar-se criativamente após contratempos traumáticos. Quando tinha oitenta anos, James Hillman escreveu A Força do Caráter, no qual ele identificou o trabalho de sua alma para o ciclo de vida do momento, que é suportar a provação final do declínio e morte com graça e coragem, e colocar “Retoques” no principal produto criativo da vida - o próprio caráter da pessoa.

Se "é tarde demais", podemos pelo menos escrever um belo final para a história humana, através da autocompreensão, do amor-na-ação, da irmandade, da elegância, da genialidade e da sabedoria. É por isso que é tão crucial, independentemente do resultado final, que cultivemos nossas melhores capacidades e formemos amizades espirituais íntimas que podem se transformar em um movimento social mais amplo, inspirado por uma visão espiritual fundamentada, saudável e responsiva.

Praticando e agindo juntos de novas maneiras profundas, um futuro verdadeiramente auspicioso poderia nos aguardar, bem como um relacionamento profundamente significativo para tempos aparentemente “sombrios”. Juntos, podemos forjar um caminho produtivo através de uma paisagem que, sem dúvida, será alterada para sempre, literal e figurativamente.

A evolução sempre ocorreu em condições de vida e morte. E assim será novamente, mesmo se considerada como uma ilusão em busca de segurança. Pois, não importa como, mas temos a certeza que cada um de nós vai morrer. E antes disso, nós experimentaremos bons dias e maus dias - beleza e terror. Esta é uma grande aventura e ninguém ficará imune. Mas a vida ainda será linda. E talvez mais significativo do que nunca.

Vamos viver em um futuro de alegria e maravilhas, bem como destruição e desgosto - como é o nosso momento presente. Ele será moldado por seres humanos - afetados pelo que é pior em nós, mas ainda mais significativamente pelo que há de melhor em nosso caráter coletivo e imaginação. Nossos valores mais altos podem moldar o futuro - mas apenas na medida em que crescermos e mostrarmos o nosso melhor.

Nota do Tradutor: O texto foi adaptado e revisado a partir da versão preliminar fornecida pelo Google Tradutor (translate.google.com.br).



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Por L.C. Dias "Se o Cristo voltasse ao mundo em nossos dias, a primeira declaração que faria aos cristãos seria esta: Povos cristãos, sabei que eu não sou cristão."  Nietzsche "A única chance de cristificar a humanidade é voltarmos à cristicidade da mensagem real do Cristo, que não está condicionada a tempo e espaço, mas é uma mensagem tipicamente extra-temporal e extra-espacial, porque, como dizia Tertuliano, toda a alma humana é crística por sua própria natureza.“ Huberto Rohden Introdução No atual contexto planetário,  caso se pretenda obter uma compreensão mais ampla e fidedigna das causas mais profundas que subjazem à atual crise,  não devemos subestimar o poder ainda latente das distorcidas crenças cristãs  que continuam enraizadas nas profundezas da psique coletiva ocidental.  Essas crenças foram forjadas, maculando os ensinamentos crísticos originais, desde os primórdios da cristandade, pelo conluio eclesiástico com os poderes de "César&q

Além da Crença Cristã - Parte V: Revelações crísticas, o alvorecer de uma consciência planetária

Por L.C. Dias “Pois nada há de oculto que não venha a ser revelado, e nada em segredo que não seja trazido à luz do dia.”  Marcos 4:22   "A sintonia com a Consciência Divina e o total domínio de si deve ser a sua razão de viver e única meta."  Cartas de Cristo   “Mas aqui nesta dimensão, você se lembra qual é a verdadeira vontade de Deus: incorporar-se em você, inspirá-lo, experienciar a criação através de você e finalmente reconhecer-Se na sua face. Deus queria tornar-se humano através de você. O objetivo da evolução do universo é VOCÊ: Deus feito homem!”  Jeshua  "Os textos sagrados têm sua história. Os médiuns, os profetas também têm sua história, que vai influenciar para melhor ou para pior a qualidade de sua mensagem. Quando alguém se apresenta como o canal de uma palavra ou de uma revelação que vai além dele, não seria errado nos interrogarmos sobre o local, a profundidade de onde lhe vem sua inspiração."  *** "Sobre que vers

Um outro mundo é possível: Metanoia pessoal e coletiva como solução para a crise espiritual planetária

Por L.C. Dias “Se você assume que não existe esperança, então você garante que não haverá esperança. Se você assume que existe um instinto em direção à liberdade, então existem oportunidades de mudar as coisas.” Noam Chomsky "No âmbito do interpessoal, no domínio de como você e eu nos relacionamos como seres sociais, não existem áreas mais importantes do que a espiritualidade e a política." Ken Wilber "A política é o único poder disponível para aqueles que não têm poder." Daniel Innerarity "Sejas tu a transformação que queres ver no mundo." Mahatma Gandhi Metanoia é um termo transliterado do grego antigo que no contexto do cristianismo primitivo significava mudança da mente ou transformação interior, ou seja, um processo de mudança na maneira de pensar e dos estados mentais inábeis, visando atingir um novo nível de consciência e, consequentemente, uma nova forma de viver no mundo. Portanto, metanoia é um movimento pessoa

Os cegos, o elefante e a visão integral de Ken Wilber

Por L.C. Dias "Eu sigo uma grande regra: todo mundo está certo. Mais especificamente, todo mundo – inclusive eu – possui alguns importantes pedaços da verdade, e todos precisam ser honrados, valorizados e incluídos em um abraço gracioso, espaçoso e compassivo." Ken Wilber   Quando me deparo com as acaloradas disputas ideológicas - sejam políticas ou religiosas - sempre recordo da famosa parábola hindu dos cegos e do elefante que retrata tão bem a ilusão daqueles que reivindicam a exclusividade da sua verdade. Das várias versões existentes da parábola - tanto antigas quanto modernas - gosto desta versão resumida: "Sete sábios discutiam qual deles conhecia, realmente, a verdade. O rei, igualmente sábio, aproximou-se e indagou o motivo da discussão:  – Estamos tentando descobrir qual de nós é dono da verdade. Ao escutar isso, o rei pediu a um de seus servos que levasse sete cegos e um elefante até o seu palácio. Quando chegaram o rei mandou chamar o